O Concurso de Composição para Orquestra de Sopros resulta de uma parceria entre a Fundação INATEL, organização que tem como missão a promoção de actividades de ocupação de tempos livres e lazer, contribuindo para a inclusão social de todos os cidadãos, e a Banda Sinfónica do Exército. 

Segundo comunicado da INATEL,

há uma complexa relação histórica entre as bandas militares e civis, sendo as primeiras o modelo por excelência das segundas. Durante muito tempo, o músico militar, depois de desempenhar a sua função profissional, continua, fora do contexto de trabalho, a ensinar o solfejo, a despertar o gosto pela música, a dar aulas de instrumento, ou a assumir o papel de maestro da banda filarmónica da sua vila ou cidade. Esta realidade ainda se verifica em alguns casos, nos dias de hoje. A colaboração entre as Bandas Militares e a INATEL faz parte da história desta Fundação na ocupação dos tempos livres através de ciclos de concertos, que assumiram uma enorme importância devido ao prestígio e reconhecimento por parte da sociedade civil. Estes concertos permitiram, ainda, o desenvolvimento de repertório não inserido no cerimonial militar.

Neste contexto, “a colaboração tem tido ao longo dos tempos outras vertentes, tais como acções de formação e Concursos de Composição, que continuam a ser um estímulo para jovens compositores”.

Actualmente parceira no Concurso de Composição para Orquestra de Sopros e herdeira de uma das mais antigas tradições musicais do Exército Portu­guês, nomeadamente através das históricas Banda de Infantaria 1 e Banda de Caçadores 5, é instituída em 1988 a Banda Sinfónica do Exército. Esta Banda representativa do Exército inclui cerca de oitenta instrumentistas de sopro, arcos e percussão. Funciona como Escola Prática de Música do Exército, ministrando cursos e estágios que visam essencialmente a formação e aperfeiçoamento dos militares músicos do Exército.

A primeira edição do Concurso de Composição para Orquestra de Sopros surgiu em 2012. Com o objectivo de fomentar e valorizar a escrita musical para esta formação, e aberto a autores de todas as nacionalidades residentes em Portugal, este concurso premiou ao longo do tempo compositores que se encontram no activo e bem integrados no meio musical português: Nelson Jesus, Alain Machado, Fábio Cachão, João Malha, entre outros.

Ao vencedor é sempre atribuído um prémio monetário, bem como a edição e publicação da partitura. As menções honrosas são também agraciadas com a edição da partitura e com um fim-de-semana para duas pessoas numa unidade hoteleira da Fundação INATEL.

Por norma, o Concerto dos Laureados do Concurso de Composição para Orquestra de Sopros é uma cerimónia de entrega dos prémios que é realizada no Teatro da Trindade e que conta com a execução da obra vencedora e da menção honrosa pela Banda Sinfónica do Exército.

Na 8.ª edição do Concurso, lançada em 2019, foi declarado vencedor o compositor Rui Pinho, com a obra The Passion of the Christ. Foi atribuída menção honrosa à obra After the Chaos do compositor Rui Rodrigues. Perante o cenário de crise sanitária, o concerto de laureados foi substituído por uma cerimónia de entrega de prémios privada no Salão Nobre do Teatro da Trindade. Segundo a organização, “esta medida extraordinária será breve e num futuro próximo esperamos poder reagendar o Concerto de Laureados em 2022, promovendo assim os premiados e a sólida parceria existente entre a Fundação INATEL e a Banda Sinfónica do Exército”.

O regulamento da 9.ª edição será publicado ainda este mês. Os compositores serão convidados a submeter as suas partituras até Fevereiro de 2022. Mãos à obra!

Sobre o autor

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Curso Complementar de Piano no Conservatório Nacional. Licenciatura em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou sob orientação de Sérgio Azevedo e de António Pinho Vargas. Durante um ano, em programa Erasmus, frequentou o Conservatório Nacional Superior de Paris (CNSMDP). Mestre e doutorando em Ciências Musicais pela Universidade NOVA. Membro fundador e Presidente da Direcção do MPMP. Director da revista GLOSAS (números 1-15 e 20-). Distinguido com o 2.º Prémio do Concurso Otto Mayer-Serra (2017) da Universidade da Califórnia, Riverside, e o Prémio Joaquim de Vasconcelos (2019) da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música.