Jorge Peixinho é, sem dúvida, uma das figuras da música portuguesa que merece ser reconhecida e festejada publicamente. É por esta razão que a abertura de uma casa com o seu nome e com o seu espólio no Montijo, na Área Metropolitana de Lisboa, pareceu digna da nossa maior atenção.
Compositor e fundador do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, juntamente com Clotilde Rosa, António Oliveira e Silva, Carlos Franco e António Reis Gomes, Jorge Peixinho nasceu no Montijo em 1940. Teve uma carreira brilhante na composição. Tendo contactado com Karlheinz Stockhausen e Pierre Boulez em Darmstadt, recebeu diversos prémios de composição, tendo uma obra sido estreada em Nápoles (1961): Políptico. Lecionou no Conservatório do Porto entre 1965-1966 e no Conservatório de Lisboa (1985-1995). Morreu em 1995, altura em que era Presidente da Assembleia Municipal do Montijo.
Neste 25 de abril foi inaugurada a Casa da Música Jorge Peixinho perante um público numeroso e animado com a inauguração deste novo espaço cultural, uma iniciativa salutar em prol da expansão cultural da região.
O edifício está inserido na antiga Quinta da Assenta, atual Jardim das Nascentes. Trata-se de um chalé residencial datado do início do século XX. Comprado pela Câmara, o edifício foi recuperado e ganhou um belo auditório de pequenas dimensões. É de destacar o espaço do auditório, cujas janelas se voltam para um agradável jardim. Não é difícil imaginar concertos executados neste agradável cenário.
A exposição da parte museológica é composta por objetos pessoais de Jorge Peixinho: alguns objetos decorativos relacionados com a música e instrumentos musicais, como o seu piano e um metrónomo. O museu foi concebido pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, com base no espólio do compositor. A exposição, que tem como mote a história de vida de Peixinho, procura explicar por meio de textos alguns pontos essenciais do seu percurso: a exploração de novas sonoridades, as atividades pedagógicas e de divulgação da música contemporânea; a sua relação com outros artistas; a criação do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa; a sua paixão por arte popular e a adesão a outras artes. Infelizmente, não é possível ver partituras ou tomar conhecimento do seu processo de composição, que devem, provavelmente, integrar seu espólio — um tema que seria de grande interesse e apreciação para músicos e estudantes.
Está prevista uma segunda fase, na qual se idealiza que a música de Jorge Peixinho seja ouvida, tanto no Jardim como na Casa, com o objetivo de contextualizar, comentar e descobrir sua música.
Quanto à programação, o auditório terá uma agenda própria, em parceria com a Companhia Mascarenhas Martins.
A divulgação para o grande público da música contemporânea produzida em Portugal é uma atitude a destacar. É também, sem dúvida, de grande interesse que espaços culturais proliferem na região da Grande Lisboa, para além dos locais centrais. Ao que se deseja votos de grande sucesso no futuro deste projeto.