Inserido na Temporada da Música de Câmara da Orquestra Clássica da Madeira, teve lugar, no dia 1 de Junho, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, um concerto pelo Quarteto Lopes-Graça. O agrupamento convidado apresentou um programa intitulado Bridges over troubled Cultures, em que propositadamente assume o papel de mediador entre as vertentes clássica e propriamente contemporânea da Música Contemporânea, que neste caso especifico contrapôs obras de L. Gianneo, S. Revueltas, Joly Braga Santos e Fernando Lopes-Graça, de um lado, e Diego Kovadloff e Alejandro Erlich-Oliva, do outro.
Os dois compositores dos nossos dias estiveram presentes e fizeram uma breve apresentação das suas obras. O Quarteto n.º 1 de Kovadloff foi escrito em 2014 e dedicado ao Quarteto Lopes-Graça, enquanto a obra de Erlich-Oliva, Três Canções para soprano e quarteto de cordas, foi escrita no ano passado e teve neste concerto a primeira audição mundial, tendo sido dedicada aos intérpretes da estreia, a soprano Nataša Šibalić e o Quarteto Lopes-Graça.
A escolha dos três poemas representa, conforme explicado no o texto do compositor, uma “homenagem – humilde e sincera – a três grandes nomes referenciais da poesia portuguesa dos séculos XVIII, XIX e XX”: Florbela Espanca (A vida e a morte), a Marquesa de Alorna (Sozinha no bosque) e Natália Correia (Do dever de deslumbrar). Declarando que “não está a mais qualquer gesto coadjuvante da luta pela afirmação e defesa da condição feminina” na sociedade contemporânea, Erlich-Oliva concebeu, então, um gesto artístico afirmativo, três canções de expressão muito concentrada e sóbria, com a voz integrada organicamente numa textura dinâmica e envolvente. Contribuindo a estas qualidades com uma plasticidade de execução assinalável, os intérpretes granjearam um acolhimento entusiástico por parte do público presente.
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