O Município de Guimarães tem vindo a desenvolver, desde 2016, o Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães (FIMRG), cuja quinta edição decorre este ano entre os dias 27 de Março e 3 de Abril. Em virtude das circunstâncias provocadas pela pandemia de Covid-19, a presente edição apresentar-se-á apenas em formato digital. Todos os espectáculos terão transmissão na nova plataforma digital do Município: “Em Guimarães”.

A música religiosa representa uma parcela importante dos alinhamentos nas temporadas regulares dos festivais de música erudita de hoje, um pouco por todo o mundo, nos quais se assiste a uma programação diversificada composta por oratórias, paixões e missas, entre outras obras renomadas. Esta edição do FIMRG, sob a direcção artística de Elisabete Matos e Augusto Alvarez, contempla sete concertos, gravados em diferentes espaços de Guimarães e posteriormente transmitidos, sempre às 21h30. Segundo Elisabete Matos, “Guimarães teve a capacidade de se recriar e reinventar num esforço estratosférico para continuar a prestar serviço público e permitir trabalho aos artistas que estão a passar por dificuldades. Esta solução mostra que Guimarães é uma cidade com capacidade de reacção e reinvenção imediata”.

 

 

O festival tem início a 27 de Março com o grupo vocal Cupertinos, sob a direcção de Luís Toscano, num programa com o título Tristis Est Anima Mea, gravado na Basílica de São Pedro. A primeira parte do concerto é preenchida com obras de D. Pedro de Cristo, um dos mais notáveis elementos da Escola do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, e a segunda parte – depois da obra Vexilla regis, de autor anónimo, inserida no período maneirista – contará com um Magnificat de Francisco Guerrero e uma Missa de Pedro da Esperança. No dia seguinte, Domingo, Leonor Barbosa de Melo (soprano), José Carlos Araújo (cravo) e Nuno Cardoso (violoncelo) interpretarão “Cantatas e Sonatas de Scarlatti, Bach e Kuhnau”. Este programa inclui as duas primeiras Sonatas Bíblicas de Johann Kuhnau, muito raramente interpretadas, a par de música de dois outros vultos maiores do barroco italiano e alemão.

Na semana de Páscoa, o primeiro programa será transmitido no dia 30 de Março, com o barítono André Baleiro e o Ludovice Ensemble, sob a direcção de Fernando Miguel Jalôto, propondo a audição das mais belas páginas escritas por J. S. Bach para a paixão de Cristo. No dia seguinte, na Igreja de São Francisco, a Orquestra de Guimarães e o maestro José Eduardo Gomes apresentarão, acompanhados por Regina Freire e Marta Magalhães, o Stabat Mater de G. B. Pergolesi, precedido pela Suíte de São Paulo, de Gustav Holst.

No primeiro dia de Abril, o contratenor Konstantin Derri, José Carlos Araújo e Nuno Cardoso interpretam obras de Antonio Vivaldi, Alessandro Scarlatti e Joseph Haydn, protagonizando, na Capela Palatina do Paço dos Duques de Bragança, um concerto que expressa a intensidade da dor da Virgem face à morte do seu Filho na cruz. No dia seguinte, Sexta-feira Santa, a transmissão estará a cargo do Quarteto de Cordas de Guimarães. Ouvir-se-ão as Sete últimas palavras de Cristo na cruz, Hob. XX:1, de Haydn, baseadas num conjunto de sete breves frases, retiradas de vários evangelhos, que Jesus pronunciou durante a sua crucificação.

Esta edição do FIMRG terminará a 3 de Abril com um concerto marcado pela figura da Virgem Dolorosa. Os solistas Dora Rodrigues, Rossana Rinaldi, Marco Alves dos Santos e André Henriques dão voz a “Rossini Sacro”, acompanhados ao piano por Cristóvão Luiz.


Programa completo disponível aqui.


 

Spot da edição do Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães de 2018

Sobre o autor

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Licenciado em piano pela Escola Superior de Música de Lisboa, na classe de Jorge Moyano, concluiu o Conservatório Nacional com a classificação máxima, tendo aí estudado com Hélder Entrudo e Carla Seixas. Premiado em diversos concursos, apresenta-se em concerto em variadas formações. Estreia regularmente obras de compositores contemporâneos. Gravou para a RTP/Antena 2, TV Brasil e MPMP: editou, em 2020, o CD “La fièvre du temps” em duo com Philippe Marques. É membro fundador do MPMP Património Musical Vivo, dirigindo temporadas e coordenando inúmeras gravações. Termina, actualmente, o mestrado em Empreendedorismo e Estudos da Cultura do ISCTE. Foi director executivo da GLOSAS entre 2017 e 2020.