O nome do agrupamento Ludovice Ensemble homenageia Johann Friederich Ludwig, ou Ludovice, como era conhecido em Portugal. Este arquitecto e ourives natural da região da Suábia, na Alemanha, esteve ao serviço de D. João V e foi o arquitecto que projectou o Palácio Nacional de Mafra. Foi aí que, a 22 de Outubro de 2005, o Ludovice Ensemble se apresentou a público pela segunda vez, decidindo adoptar a data como o momento oficial do nascimento da sua formação. Esse concerto de 2005 foi dedicado à música barroca francesa, tendo então interpretado cantatas e concertos de Jean-Baptiste Stuck, Jacques Morel, André Campra, François Couperin e Joseph Bodin de Boismortier. Evidenciava-se assim, desde o início, um projecto artístico sólido e consagrado à interpretação do repertório musical francês dos séculos XVII e XVIII, tanto de compositores mais conhecidos como de outros mais esquecidos. Além da música francesa, o agrupamento tem-se dedicado também aos repertórios do barroco português, espanhol, italiano, inglês e alemão, sempre de acordo com a perspectiva da interpretação historicamente informada.

O Ludovice Ensemble foi criado por Fernando Miguel Jalôto (cravo e órgão) e Joana Amorim (traverso), tendo no concerto de 2005 contado ainda com Sofia Diniz (viola da gamba) e Orlanda Velez (soprano). O agrupamento nunca se limitou a um só formato, podendo variar, consoante o projecto, de duo até à orquestra, contando actualmente com uma vasta lista de colaborações. Ao longo de dos últimos anos tem mostrado a sua arte em diversos concertos e festivais, em Portugal e no estrangeiro. Tem também dedicado alguma atenção à gravação, tendo editado em 2012, na etiqueta Ramée, o CD Amour, viens animer ma voix.

Passados 10 anos de actividade e de crescimento, o Ludovice Ensemble reúne-se para um concerto comemorativo no Centro Cultural de Belém, no próximo dia 17 de Fevereiro. Regressa ao seu repertório de eleição, as obras instrumentais francesas do período barroco, festejando em simultâneo o décimo aniversário e a música de François Couperin (1668-1733), dado que em 2015 se assinala também a passagem de 300 anos da composição dos Concerts Royaux. Estes quatro concertos foram escritos em 1714-1715 para serem tocados nos pequenos concertos patrocinados semanalmente por Luís XIV (1638-1715), aos quais Couperin era convidado a participar. Trata-se de peças destinadas a agrupamento instrumental reduzido, que seguem uma estrutura de suite. De musicalidade elegante, característica das composições de Couperin, serão certamente favorecidas pela interpretação cuidada a que o Ludovice Ensemble nos tem vindo a habituar.

Uma última nota sobre este concerto, capaz de convencer os mais indecisos e gulosos: foi anunciado na sua página de facebook que o Ludovice Ensemble encomendou à pastelaria Versailles uma generosa quantidade de éclairs para servir aos fãs e amigos no concertos de aniversário e assim brindar a muitos mais anos de actividade.

O Ludovice Ensemble no REMA

Ludovice Ensemble em concerto na Casa da Música

Outros dos concertos do Ludovice Ensemble já agendados para 2015 são:

  • a 3 de Abril apresentam na Igreja do Bonfim, Porto, Charpentier, De Lalande e Couperin;
  • a 24 de Maio, na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, juntam-se ao coreógrafo Olivier Collin para interpretarem em conjunto Rebel, Pisendel, Rameau, Haendel e Debussy;
  • a 13 de Setembro regressam ao Centro Cultural de Belém, com o Huelgas Ensemble, para uma ópera de Francesca Caccini;
  • a 11 e 12 de Outubro deslocam-se até à Madeira e, no âmbito do Festival de Órgão da Madeira, tocarão peças de Capellini, Lonati, Scarlatti, Corelli, Albinoni, Mascitti e Carlos Seixas.
  • em data a definir, o agrupamento irá participar igualmente na edição deste ano do Festival Dias da Música, em Belém (que decorrerá a 25 e 26 de Abril).

Mais informações na página do Ludovice Ensemble na Internet.

 

Sobre o autor

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Mariana Calado encontra-se a realizar o Doutoramento em Ciências Musicais Históricas focando o projecto de investigação no estudo de aspectos dos discursos e das sociabilidades que caracterizam a crítica musical da imprensa periódica de Lisboa entre os finais da I República e o estabelecimento do Estado Novo (1919-1945). Terminou o Mestrado em Musicologia na FCSH/NOVA em 2011 com a apresentação da dissertação "Francine Benoît e a cultura musical em Portugal: estudo das críticas e crónicas publicadas entre 1920's e 1950". É membro do SociMus – Grupo de Estudos Avançados em Sociologia da Música, NEGEM – Núcleo de Estudos em Género e Música e do NEMI – Núcleo de Estudos em Música na Imprensa, do CESEM. É bolseira de Doutoramento da FCT.