Depois do sucesso das temporadas anteriores, o festival Operafest chega à sua quarta edição, ampliada em datas e locais. Com boa parte da programação novamente no delicioso Jardim do Museu Nacional de Arte Antiga, o festival ainda estará no CCB, no Teatro Romano, na Cinemateca Portuguesa e no El Corte Inglés. O tema deste ano é Entre o Céu e o Inferno — Do medo mais profundo ao prazer supremo, tendo ainda como questão transversal a condição feminina e a luta pela liberdade e direitos femininos.
A programação foi organizada por ciclos com objectivos e propostas distintas: Grandes Clássicos (Carmen de Bizet), Grandes Clássicos & Criações em dose dupla (Suor Angelica de Puccini e Rigor mortis ou A casa dos anéis de Francisco Lima de Silva), Grandes Clássicos & Público do Futuro (A flauta mágica de Mozart), o concurso de ópera contemporânea, Maratona Ópera XXI (Grandes cantores para a ópera e hoje), o arranque do Cine-Ópera em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, Ópera Satélite com novos olhares e propostas sobre a ópera, Máquina Lírica, Forças Ocultas — Performance de Gustavo Sumpta, o curso livre Viagem ao Mundo da Ópera, a conferência O fenómeno Callas e a rave operática Entre o Céu e o Inferno.
Com títulos bastante conhecidos, a novidade maior dá-se com a estreia absoluta de Rigor Mortis ou A casa dos anéis, ópera do jovem compositor Francisco Lima da Silva, a partir da adaptação do conto de Domingos Monteiro Casa Mortuária, em que um homem declarado morto continua a observar os acontecimentos à sua volta até à revelação final. A protagonista será Catarina Molder, marcando a estreia em encenação de ópera o actor e encenador David Pereira Bastos, sob a direcção musical do maestro Miguel Sepúlveda.
Destaca-se também a apresentação de Os canibais (1988) de Manoel de Oliveira. O filme é realizado como ópera (libreto e música do compositor João Paes, a partir de um conto de Álvaro do Carvalhal, um escritor português de horror e fantástico pouco conhecido).
O festival tem como objetivo apresentar ópera a novos públicos. A título de exemplo, 37% do seu público em 2022 foi à ópera pela primeira vez no Operafest. Igualmente, para os músicos e cantores é uma oportunidade de ouro. Em três edições, foram apresentadas dez estreias absolutas, além de ter sido criado o único concurso de ópera contemporânea do país, a Maratona Ópera XXI, plataforma de lançamento de uma uma nova geração de compositores e intérpretes, com nova edição este ano.
O concurso de ópera contemporânea Maratona Ópera XXI – Grandes Cantores para a Ópera de Hoje, é dirigido para novos cantores e foca-se na interpretação da ópera do nosso tempo. Num espectáculo encenado, a partir de árias oriundas de óperas das últimas décadas de compositores portugueses como Alexandre Delgado, António Chagas Rosa, Daniel Moreira, Sara Ross e Francisco Fontes, entre outros. Em co-produção com o MPMP, e apresentado no Centro Cultural de Belém, conta com a encenação de Rodrigo Aleixo, vencedor da última edição do concurso, sob a direcção musical da maestrina Rita Castro Blanco.
É de distinguir que o festival como filosofia condena o trabalho gratuito, excluindo o voluntariado gratuito, jovem ou em idade laboral. Por princípio, dá preferência aos artistas portugueses jovens, com um um índice de trabalho de jovens até 25 anos, em postos de responsabilidade, em cerca de 30% da equipa (produção, design, técnica, compositores, músicos, cantores, actores), observando-se também paridade de género.
O MPMP participa novamente do festival acompanhado Carmen, Suor Angelica, Rigor Mortis, A flauta mágica e Grandes cantores para a ópera de hoje.
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