A temporada lírica do Teatro Nacional de São Carlos prossegue com A Flowering Tree, ópera em dois actos de John Adams (1947-) sobre libreto escrito em colaboração com Peter Sellars a partir de um conto tradicional indiano. Estreada em 2006, em Viena, a sua primeira apresentação em Portugal deu-se na Fundação Calouste Gulbenkian em 2010, também com direcção de Joana Carneiro, mas apenas em versão semi-encenada. Esta é, portanto, uma melhor oportunidade para apreciar a obra no que concerne às suas potencialidades cénicas.
Kumudha, uma jovem e bela rapariga, engendra um plano para ajudar a sua família pobre, transformando-se em árvore, da qual ela e sua irmã colhem as flores perfumadas que depois vendem no mercado local. Um príncipe e um narrador omnisciente completam o trio vocal de principais que vão desenvolvendo esta história juntamente com um grupo de bailarinos e o corpo coral.
O libreto é muito simples, com algumas particularidades insólitas. Apesar de se tratar de uma história sobre uma Índia imaginária — e estereotipada —, canta-se maioritariamente em inglês e os coros são-no em castelhano por terem sido pensados, aquando da estreia, para o venezuelano El Sistema — o que não deixa de ter um peso político-simbólico peculiar, sobretudo dado os textos e os contextos conferidos aos coros e dada a relação entre a comunidade hispânica e demais população dos Estados Unidos da América. A música — muito ilustrativa em função do texto — tem, todavia, momentos absolutamente deslumbrantes e encantatórios: John Adams é efectivamente um habilíssimo orquestrador e as suas texturas tímbricas e rítmicas são magnificamente arrojadas.
Do que se viu e ouviu no ensaio geral, esta produção — desde a prestação da maestrina Joana Carneiro, solistas, coro e orquestra até à elegante e eficaz encenação — merece bem a nossa presença.
A não perder, sobretudo em família: é uma ópera excelente para o público juvenil.
A FLOWERING TREE
John Adams
Ópera em 2 actos
Libreto de John Adams e Petter Sellars, baseado num conto homónimo do folclore indiano,
traduzido por A. K. Ramanujan
Direcção musical | Joana Carneiro
Encenação | Nicola Raab
Cenografia e figurinos | George Souglides
Desenho de luz | Aaron Black
Coreografia | Renato Zanella
Kumudha | Jessica Rivera
O Príncipe| Shawn Mathey
Narrador | Luís Rodrigues
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Maestro titular | Giovanni Andreoli
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Maestrina titular | Joana Carneiro
Cenários e figurinos
em co-produção Teatro Comunale di Bolzano / Chicago Opera Theatre
Co-Produção CCB
M/6
Bom dia,
Não esquecer todo o trabalho dos bailarinos.