O 25 de abril é a data mais importante para a democracia portuguesa e só por isso já merece ser sempre celebrado. Neste ano que assinala os 50 anos da data, há festejos por todo o país através de manifestações artísticas e políticas, mas a programação de música de tradição erudita ocidental merece uma atenção especial dada a diversidade dos projetos e, em especial, dado o número de estreias absolutas com grandes nomes e promessas da atualidade.

Em Lisboa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa apresenta, de 19 a 20 abril, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, o concerto 25 de Abril – 50 Anos, regido por  Pedro Amaral. O programa inclui um arranjo de  Luís Cardoso das Canções heroicas de Fernando Lopes-Graça, Histórias de Abril de Anne Victorino d’Almeida, a partir de melodias de Zeca Afonso, além das Sinfonias de Câmara de Arnold Schoenberg.

Para o dia 25 de abril, a Fundação Calouste Gulbenkian programou o concerto Heroica de Beethoven, com a Orquestra Gulbenkian no Grande Auditório, regida pelo maestro Nuno Coelho, onde serão tocadas obras de Nuno da Rocha, Restart, Unsuk Chin, Subito con forza e a Sinfonia n.º 3, em mi bemol maior, Op. 55, deLudwig van Beethoven.

No São Luiz Teatro Municipal, de 17 a 18 de abril, o João Roiz Ensemble tem o concerto intitulado 50 anos de 25 de Abril onde apresenta obras de Beethoven, Lopes-Graça, Chostakovich, Carrapatoso e Puccini.

No Porto: dentro do ciclo Música & Revolução: 50 anos do 25 de Abril, a Casa da Música traz como destaque Esta é a madrugada, com a Orquestra Sinfónica, o Remix Ensemble, o Coro e o Coro Infantil da Casa da Música. A primeira parte conta com a obra de Jorge Peixinho Meta-Formoses, concerto para clarinete baixo e, de Pedro Lima, ouve-se Talkin(g) (A)bout My Generation. A segunda parte apresenta o trabalho de Daniel Moreira A madrugada, que pôs em música poemas de Sophia de Mello Breyner dedicados ao 25 de Abril, e a versão orquestral de American Settings de Vasco Mendonça.

No dia 20 de Abril há a estreia do Festival Sons de Abril, com Pedro Emanuel Pereira no piano e composição, o artista explora neste espetáculo a simbiose entre a música de José Afonso e a música clássica. Pereira apresenta-se com António Victorino d’Almeida — piano, composição musical e comentários históricos e musicológicos  e Miguel Leite — apresentação do concerto, moderação, comentários históricos e musicológicos . Serão três concertos: em Guimarães, Penafiel e Valença. 

No Algarve, o MPMP apresenta em estreia absoluta a ópera Madrugada: as razões de um movimento, dia 25 e 26 de abril, no Teatro das Figuras, em Faro, e a 27 de abril no Centro Cultural de Lagos. A ópera retrata episódios da Revolução, escolhidos e trabalhados dramaturgicamente pela libretista. Estes episódios foram vertidos diretamente da experiência de quem os viveu. A ópera encena um jogo temporal entre as cenas, um estilhaçar das fronteiras temporais. O que resta, hoje, do ímpeto revolucionário do Movimento das Forças Armadas — Democratizar, Descolonizar e Desenvolver —, e como o insuflamos para os próximos cinquenta anos? A música é de alguns dos mais interessantes compositores da mais nova geração: Carlos Lopes, Sara Ross, Francisco Fontes, Solange Azevedo, as palavras de Marta Pais Oliveira, a encenação de Daniela Cruz e a direcção artística e musical de Jan Wierzba.

Imagem: @Visão

Sobre o autor

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Diplomada pela Universidade de São Paulo, onde se licenciou em História, concluindo o mestrado e o doutoramento em Arqueologia e integrando o LARP, Laboratório de Arqueologia Romana Provincial, enquanto Supervisora de Programas e Pesquisas. Foi docente de História da Arte em diversas instituições universitárias e no MASP, Museu de Arte de São Paulo. Realizou o estágio doutoral no Collège de France, Paris, especializando-se depois em Gestão Cultural no SENAC, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, e concluindo o mestrado em Empreendedorismo e Estudos da Cultura — Património no ISCTE, Lisboa, tendo neste âmbito sido distinguida com um Prémio de Excelência Académica.