A Academia Ludovice está mais próxima do que nunca! De 25 a 31 de Julho decorrerá a 2.ª edição deste Curso Internacional de Verão, criado pelo Ludovice Ensemble, grupo especializado na interpretação de música antiga. Ao contrário da 1.ª edição, decorrida em Aveiro, este segundo curso acontecerá no Palácio-Convento de Mafra, “habitando-o dos sons que melhor se identificam com os espaços e o património que abrigam”, palavras de Miguel Jalôto, Diretor Pedagógico e Artístico do evento, que nos explica também o porquê desta mudança:

“No ano passado o Ludovice Ensemble decidiu concretizar um sonho antigo, que era organizar o seu próprio curso de Verão, juntamente com um festival, um ciclo de concertos. Sentimo-nos sobretudo motivados por estarmos no segundo ano de pandemia e perceber que era mesmo necessário reagir a uma situação tão negativa com algo criativo e positivo.

Conseguimos, através de muito trabalho, esforço e grande generosidade de vários amigos, realizar a nossa Academia em Aveiro. Contudo, apesar de ter tudo corrido maravilhosamente, em todos os aspetos (artísticos, pedagógicos e humanos) percebemos que não poderíamos repetir ali a experiência. Não houve quase nenhum apoio institucional, e a Câmara Municipal de Aveiro, a quem recorremos desde o início, nunca demonstrou qualquer interesse no projeto, nem interesse em auxiliar-nos.”

Já a colaboração com a Câmara Municipal de Mafra, à qual se acrescentam outras parcerias e apoios de instituições como a Escola Superior de Música de Lisboa, o Museu Nacional da Música e a Antena 2, promete ser mais frutífera:

“A Câmara de Mafra tem uma grande e bem conhecida atividade na promoção cultural, nomeadamente com a música, e fomos recebidos de braços abertos. Por coincidência (ou talvez não) o Ludovice Ensemble estreou-se em Mafra. Por isso, regressar a Mafra é também, para nós, regressar a casa.”

Haverá também um festival com concertos e exposições diárias, além de conferências e aulas individuais ou em grupo, traçando-se como objetivos o ensino, aprofundamento e divulgação de práticas históricas interpretativas de artes performativas barrocas, da  música à dança e ao teatro. Destaca-se também o fomentar de conhecimentos menos convencionais, tal como a técnica de Alexander, a ser instruída por Pedro Couto Soares.

O final contará com um concerto de encerramento, cujo programa assentará na figura de François Couperin, compositor francês que materializa o tema deste ano, “François Couperin (1668-1733) — Gostos Reunidos: (Des)encontros entre os estilos francês e italiano”. Ainda que se possa apresentar, nas aulas individuais, obras de outros compositores, escolas, épocas e estilos, a ideia será interligá-las, sempre que possível, com o foco desta edição, dada uma vontade de unificação:

“A Academia Ludovice não quer só “mais um curso de música antiga” como vários que existem na Europa. Ter vários professores a ensinar os seus respetivos instrumentos, cada qual na sua sala, e sem interligação, não nos interessa. A Academia orienta-se sobretudo para um trabalho em equipa, transversal, multidisciplinar, que favoreça intercâmbios, partilhas, a saída da “área de conforto” de cada um e a descoberta do “outro”. As artes do Barroco tendiam, idealmente, para a criação da “obra de arte total”. Para o conseguirmos, é necessário estabelecer bases e pontos comuns. E por isso decidimos desde o início que cada Academia seria orientada por um tema comum que possibilitasse essa partilha.

Interessa-nos também estudar modelos que fossem inspiradores por terem desenvolvido ou contribuído, de forma clara, para uma visão conjunta, congregadora, construtiva, de união: entre géneros, formas, estilos, conceitos. Este ano escolhemos François Couperin, pois este orientou toda a sua carreira pelo princípio (então muito inovador, quase revolucionário) da “união dos gostos”, ou seja, na criação de uma linguagem musical comum, que não conhecesse barreiras geográficas ou culturais, e que não só aproveitasse o melhor de cada herança (neste caso, a francesa e a italiana) mas que servisse para estabelecer um estilo novo, que apontasse novas direções à música. E conseguiu!”

As pré-inscrições já estão abertas e irão encerrar a 10 de Junho, tal como pode ser consultado em www.academia-ludovice-ensemble.webnode.pt/. O público-alvo marca-se vasto, abrangendo jovens profissionais e amadores de qualquer idade, do nível avançado a principiante, desde que experientes e interessados em instrumentos barrocos. Para mais informações, não deixe de contactar [email protected]

Sobre o autor

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Natural de Guimarães, Ana Sofia Malheiro estudou piano e canto no Conservatório da cidade, no qual teve oportunidade de integrar diversos projectos de foro nacional e internacional. Actualmente, frequenta o terceiro ano da Licenciatura de Ciências Musicais na NOVA-FCSH, percurso pelo qual já foi galardoada com duas Bolsa Santander Futuro, uma Bolsa de Mérito da Câmara de Braga e o prémio NOVA Young Talent Awards, além de uma Bolsa de Iniciação à Investigação, promovida pela FCT e pelo CESEM. Encontra-se a estagiar na Glosas / MPMP.