A Academia de Amadores de Música, instituição sem fins lucrativos fundada em 1884 e que representa uma indelével relevância histórica no panorama musical português desde a sua fundação, poderá ser forçada a uma mudança de instalações.
Segundo informações divulgadas nas redes sociais da AAM, o proprietário do imóvel que ocupa, no segundo andar do número 18 da Rua Nova da Trindade, terá a vontade de “terminar o contrato de arrendamento e solicitar a passagem para o novo regime de arrendamento urbano”, cujos valores praticados são, como é público, bastante elevados na zona do Chiado, bem como em toda a cidade. A AAM beneficia de um prazo de protecção relativo a esta transição, mas defende que só deve terminar em 2028, ao contrário da interpretação do proprietário, que entende que será já em 2023.
Os responsáveis da AAM referem ter já encetado contactos — reforçados aquando da recente renovação dos representantes autárquicos após as eleições de Setembro de 2021 — com diversas entidades, com o objectivo de garantir que se encontra uma solução de manutenção da morada actual da escola, local onde se encontra há quase um século. A questão foi já abordada na 13.ª Reunião Pública da Câmara Municipal de Lisboa do passado dia 26 de Janeiro, por iniciativa do Partido Comunista Português. Admite-se, no entanto, que a “situação poderá ser crítica” se não conseguirem a sensibilização necessária junto das entidades competentes para a importância e relevância da instituição.
A Academia de Amadores de Música, onde se formaram inúmeros músicos de relevo para a História da Música em Portugal e que alberga, entre outros projectos, o Coro Lopes-Graça, foi, em 1984, distinguida com a Ordem da Instrução Pública e com a Medalha de Mérito Cultural, além de ter sido indicada como “Entidade de Interesse Histórico e Cultural ou Social Local” em 2018. O seu corpo docente é composto por cerca de quatro dezenas de professores, que neste momento formam mais de três centenas de estudantes no âmbito da promoção da produção musical e cultural.