Há escassos dias, a 22 de Janeiro, a música portuguesa beneficiou uma vez mais da acção divulgadora de Tomohiro Hatta, num recital que teve lugar na Sala de Espectáculos do Lycée Notre Dame de Sion, em Istambul. O grande pianista nipónico, discípulo de Paul Badura-Skoda e Caio Pagano, laureado em numerosos concursos internacionais, levou à sede milenar da cultura bizantina, cidade-símbolo do Oriente da Europa, entre outras obras tão marcadamente ocidentais como as dos gigantes Bach e Chopin, um conjunto de peças para piano solo de Alfredo Keil extraídas das colectâneas Impressions Poétiques e Douze Mélodies, publicadas ainda em vida do eminente polígrafo, persistindo na atenção que há anos vem dedicando à cultura e à música de autores portugueses e do mundo lusófono.
A relação que liga Tomohiro Hatta – radicado em Paris desde 2005 – a Portugal não é evidentemente alheia à importante actividade concertística que desenvolve no âmbito da música para piano a quatro mãos enquanto membro do duo MusicOrba, que mantém com o pianista português Ricardo Vieira e que os tem chamado a ambos para a atenção da crítica especializada internacional, de quem mereceram elogiosas referências.
A par dos grandes nomes da música portuguesa e brasileira que têm ajudado a divulgar em França e noutros países europeus e extra-europeus, a música para piano de Alfredo Keil (1850-1907) suscitou suficiente interesse a Tomohiro Hatta para que tenha dedicado às vinte e quatro peças que constituem os cadernos de Douze Mélodies e Impressions Poétiques o seu disco de estreia enquanto solista, gravado num piano histórico de Grotrian-Steinweg de 1876 e editado em 2014 pelo MPMP , Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa como volume 9 da colecção discográfica melographia portugueza.