Foi inaugurada na passada quinta-Feira, dia 1 de Outubro, pelas 17h30, a exposição Antifonários do Mosteiro da Cartuxa de Santa Maria de Scala Coeli, numa organização conjunta da Direcção Regional de Cultura do Alentejo, Arquivo Distrital de Évora e Cartuxa Scala Coeli de Évora. A exposição estará patente até ao dia 30 de Outubro na Galeria de Exposições da Casa de Burgos, em Évora, podendo ser visitada de segunda a sexta-Feira das 9hoo às 12h30 e das 14h30 às 17h30. A sessão de abertura contou com a presença do Padre Antão, monge cartuxo, que traçou numa breve comunicação a história do mosteiro eborense assim como as particularidades litúrgico-musicais do rito cartuxo.

Esta exposição é composta por sete livros de coro, actualmente preservados no Arquivo Distrital de Évora, provenientes do mosteiro de Santa Maria Scala Coeli. Estes são exclusivamente antifonários, alguns sem notação musical, na sua maioria produzidos no século XVII, especificamente para mosteiro, como demonstram as inscrições nos frontispícios de alguns livros. Para além da mostra documental, o visitante poderá visualizar uma breve apresentação multimédia com a projecção de determinados fólios e ouvir a gravação das respectivas rubricas musicais, interpretadas pelos monjes cartuxos propositadamente para esta exposição. No âmbito da exposição, prevê-se ainda a realização de várias conferências sobre a história do mosteiro e a liturgia cartuxa.

Situado a cerca de um quilómetro da cidade de Évora, o mosteiro de Santa Maria Scala Coeli foi o primeiro mosteiro da Ordem Cartusiana a ser construído em Portugal, cuja fundação se deve ao Arcebispo de Évora D. Teotónio de Bragança em 8 de Dezembro de 1587. O mosteiro, de 1602, destaca-se pela fachada em mármore, atribuída aos arquitectos Felipe Terzi e Giovanni Vicenzo Casali, possuíndo o maior claustro de Portugal. No processo de extinção das ordens religiosas, o mosteiro foi abandonado em 1834, perdendo-se uma grande parte das obras de arte assim como da vasta biblioteca doada ao mosteiro pelo Arcebispo D. Teotónio de Bragança. O mosteiro serviu de Escola Agrícola, tendo sido vendido mais tarde a José Maria Eugénio de Almeida. Após restauro do edifício o bisneto Vasco Maria Eugénio de Almeida, convidou em 1960 os monges cartuxos a reocupar o mosteiro, com o consentimento do então Arcebispo de Évora D. Manuel Trindade Salgueiro, tendo-se mantido até actualidade com cerca de uma dezena de religiosos.

Sobre o autor

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Musicólogo açoriano, doutorando na Universidade de Évora, é mestre em Ciências Musicais (FCSH NOVA) e licenciado em Música (UÉvora). É investigador em formação no CESEM e membro do MPMP. Catalogou o arquivo musical da Sé de Angra, foi bolseiro no projeto ORFEUS e também investigador no projeto PASEV. Fundou e dirigiu o Ensemble da Sé de Angra e também o Ensemble Eborensis, com concertos nas ilhas dos Açores, Continente português e França. Os seus interesses de investigação centram-se na polifonia portuguesa seiscentista, especialmente no Alentejo, e a música nos Açores do século XV ao final do XIX.