A agenda de Maio do MPMP celebra Leoš Janáček e Jorge Listopad. Vem isto a propósito do Prémio Musa 2020, na sequência do qual encomendámos ao compositor premiado, Miguel Resende Bastos, uma obra musico-dramática dedicada ao 100.º aniversário do nascimento do célebre encenador de origem checa, Listopad (1921-2017). Propôs-se a recomposição d’O diário de um desaparecido, partitura icónica de um dos seus compositores favoritos, Janáček, história de um jovem aldeão que se apaixona por uma cigana, ora adaptada para vozes e invulgar sexteto.

O desafiante papel de tenor é confiado ao jovem Fabien Hyon, Révélation Classique da ADAMI em 2015, laureado HSBC 2017 do Festival d’Aix-en-Provence e distinguido também nos concursos internacionais de Gordes e de Toulouse, neste último conquistando o Grand Prix de Mélodie Française. Juntam-se-lhe as sopranos Ana Raquel Sousa e Beatriz Volante e a contralto Rita Filipe, mais o Ensemble MPMP, sob a direcção musical de Jan Wierzba; Ricardo Campos concebe o desenho de luz e a Miguel Loureiro cabe a recitação e a direcção cénica. O espectáculo é de entrada livre mas os lugares são poucos: sugere-se inscrição antecipada para quem ousar mergulhar na sonora noite de 28 de Maio, às 21h30, no Foyer do Grande Auditório da Biblioteca Nacional de Portugal.

 

 

Por falar em Miguel Resende Bastos, é no dia 26 de Maio, aniversário de Ruben A., que é lançado digitalmente, nas habituais plataformas de streaming, o disco resultante do concerto de estreia do Prémio Musa 2020. Para além de o disco incluir a obra premiada, Um adeus aos deuses, reúne também as partituras que foram escritas de propósito para aquele evento: Silêncio para quatro de Camila Salomé Menino, Torre de Barbela de Solange Azevedo, Mensagem sentida sem sentido de Diogo Novo Carvalho, O mundo à minha procura I de Agnelo Marinho, Caranguejo de José Tiago Baptista e O mundo à minha procura II de Manuel Brásio. A recitação dos textos de Ruben A. coube a Carmen Granja, com o Ensemble MPMP, sob a direcção de Jan Wierzba, a interpretar os sons novíssimos.

 

 

Ainda a propósito do Prémio Musa, mas recuando à sua primeira edição, a de 2019, temos agora, finalmente, a estreia da última peça que o laureado Hugo Ribeiro compôs no âmbito da sua residência no MPMP. Trata-se de et caetera, um divertido e exigente quinteto de sopros, que conhecerá assim a sua estreia absoluta no dia 21 de Maio, na Timbre Seixalense, auditório que o MPMP visita pela primeira vez. O alinhamento do programa inclui obras de Eurico Carrapatoso e de Maria de Lourdes Martins já no ano passado interpretadas pelo Ensemble MPMP, aquando da sua viagem ao Brasil, mas na bagagem de regresso veio uma novidade: a partitura d’O palácio dos ventos de Marcos Lucas, compositor docente na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, que conhecerá assim a sua estreia lusitana e que é, na temporada de 2022 do MPMP, o primeiro (de vários) momentos de evocação do bicentenário da Independência do Brasil e da amizade entre as duas nações.

 

 

Enquanto o quinteto de sopros do Ensemble MPMP prepara o programa luso-brasileiro, o quarteto de arcos junta-se, por convite, à trupe que (re)põe a circular Cinco formas de morrer de amor, um espectáculo da soprano Catarina Molder com direcção cénica de Lígia Roque e desenho de luz de Rui Simão. Produzida pela Ópera do Castelo, co-produzida pelo Teatro Nacional de São João, onde foi estreada, a peça vai agora até Loulé, no dia 13, e leva música de Chausson, Chagas Rosa, Chostakovich (Lady Macbeth), Luís Soldado e Clã, com arranjos do jovem compositor Francisco Lima da Silva.

 

 

Na Biblioteca Municipal de Marvila vai continuando, de vento em popa, um ciclo de clubes de escuta. A sessão de Catarina Távora, para público benjamim, realizou-se já no passado dia 2; a de Martim Sousa Tavares, para público adulto, dá-se no dia 18, às 18h30, com o tema “Thomas Mann e sentir versus pensar”. Os interessados em participar nestas reuniões informais sobre música — a do nosso tempo, a mais antiga, a que temos à nossa volta e a de que raras vezes ouvimos falar — podem inscrever-se através de bib.marvila@cm-lisboa.pt .

 

 

Por fim, a 29 de Maio, pelas 10h30, regressamos — cela va sans dire — à rádio-café Lusophonica. O guião caberá, neste mês, a Tatiana Bina, há vários anos colaboradora do MPMP, como sempre procurando propor uma escuta inesperada do que somos, musical e lusofonicamente falando.

 

Para mais informações, visite www.mpmp.pt/agenda .

Sobre o autor

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Curso Complementar de Piano no Conservatório Nacional. Licenciatura em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou sob orientação de Sérgio Azevedo e de António Pinho Vargas. Durante um ano, em programa Erasmus, frequentou o Conservatório Nacional Superior de Paris (CNSMDP). Mestre e doutorando em Ciências Musicais pela Universidade NOVA. Membro fundador e Presidente da Direcção do MPMP. Director da revista GLOSAS (números 1-15 e 20-). Distinguido com o 2.º Prémio do Concurso Otto Mayer-Serra (2017) da Universidade da Califórnia, Riverside, e o Prémio Joaquim de Vasconcelos (2019) da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música.