A Casa da Música anunciou a sua temporada de 2024, e Portugal foi o país escolhido como linha condutora de toda a programação. A instituição regularmente escolhe um país como tema anual. A escolha de 2024 deve-se à celebração dos 50 anos do 25 de Abril, que também coincide com a dos 500 anos do nascimento de Camões e a dos 100 anos do nascimento de Joly Braga Santos. Além destes nomes, a temporada também presta homenagem a figuras históricas da música portuguesa como Guilhermina Suggia, Helena Sá e Costa, Amália Rodrigues, Zeca Afonso e Carlos Paredes.
Razões que farão brilhar a interpretação de algumas das melhores partituras portuguesas, criar contextos para que alguns dos melhores intérpretes portugueses se possam evidenciar, no confronto com o mais exigente repertório internacional, como a integral dos concertos para piano de Sergei Prokofief, e colaborando com reputados maestros e solistas. Destaca-se também a evocação de grandes compositores que passaram por Portugal, como Domenico Scarlatti, David Perez, Maurice Ravel, Pedro de Freitas Branco, Franz Schreker; mas também compositores portugueses que foram sucesso no exterior, como Emmanuel Nunes; e ex-”Compositores em Residência” como Magnus Lindberg, Pascal Dusapin, Luca Francesconi, Helmut Lachenmann, Unsuk Chin, Philippe Manoury, Rebecca Saunders e Peter Eötvös, muitos deles com obra composta, iniciada ou terminada durante as suas estadias no Porto.
Efetivamente, é uma satisfação ver uma temporada tão recheada de música e músicos portugueses, um mote que a Glosas e o MPMP levantam há mais de uma década.
Depois de ter sido o primeiro Jovem Compositor em Residência na Casa da Música, no ano de 2007, Vasco Mendonça assumirá agora o papel de Compositor em Residência principal. Espera-se a audição de peças de “repertório” e estreias mundiais, nomeadamente da Jovem Compositora em Residência, Sara Ross, com uma atividade composicional eclética, onde se inclui ópera, música orquestral, coral, de câmara, eletrónica, canções, assim como música para teatro e dança, com obras apresentadas nacional e internacionalmente. Nuno Coelho recebe o título, inédito na Casa da Música, de Maestro Associado da Orquestra Sinfónica. O Artista em Residência, João Barradas, acordeonista, é um dos solistas portugueses mais internacionais e versáteis da atualidade.
Outros destaques são o Ciclo de Piano e o Ciclo de Jazz, um com Maria João Pires, outro com Mário Laginha e João Barradas e a Orquestra Jazz de Matosinhos. O Serviço Educativo trabalhará sobre Eça de Queiroz para um espetáculo de teatro musical a estrear na abertura da temporada.
A grande ênfase é a “edição especial” do ciclo “Música & Revolução”, sobre os 50 anos da “revolução dos cravos”, com oito concertos que compõem o festival a remeter-nos para os tempos da ditadura, contando com músicos e compositores que se opuseram ao regime: Lopes-Graça, Jorge Peixinho, Constança Capdeville, Zeca Afonso, Carlos Paredes e Emmanuel Nunes. A nova geração faz-se representar com Vasco Mendonça, Pedro Lima e Daniel Moreira, de quem se estreará uma obra com base nos poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Por fim, “À Volta do Barroco” traz-nos Andreas Staier, à frente da Orquestra Barroca com um concerto para cravo de Carlos Seixas; e de novo Vasco Mendonça, num concerto para violino e ensemble, com Carolin Widmann no papel de solista; e João Barradas deslumbrará com o Concerto para Cravo n.º 1 de J. S. Bach; e o Coro e a Orquestra Sinfónica interpretarão Libera me de João Domingos Bomtempo.