6 e 7 de Fevereiro, Museu Nacional do Teatro, Lisboa

 

 “310” pode não parecer um número muito redondo. Mas qualquer número deveria servir de pretexto para celebrar o nascimento de um dos maiores génios do teatro português.

António José da Silva nasceu nos arredores do Rio de Janeiro a 8 de Maio de 1705.  Seguindo os passos do pai, ingressou na Universidade de Coimbra em 1725, para estudar Direito, mas nunca concluiu o curso, em grande parte devido à perseguição exercida pela Inquisição (que ainda haveria de pôr um fim precoce e cruel à sua existência). Voltou-se então para o teatro, encontrou a sua “casa” no Teatro do Bairro Alto da Lisboa joanina, e um parceiro musical em António Teixeira  um dos músicos bolseiros que o Rei D. João V havia enviado para estudar em Roma, juntamente com Francisco António de Almeida.

Porém, a linguagem musical que Teixeira desenvolveria para as obras “joco-sérias” sobre os textos do “Judeu” seria bem diferente da que encontramos numa La Spinalba, de F. A. Almeida. Apesar de ali se encontrarem os traços da ópera italiana, ao que parece, estes não eram tanto usados como modelo formal mas mais como sátira à própria praxe italiana.  Se juntarmos à música de Teixeira a influência formal da zarzuela espanhola, a tradição teatral vicentina, a conjugação de vários processos do cómico (de linguagem, de gestos, de intriga, de ideias e até de vestuário) e a inteligência e perspicácia com que António José da Silva observava e retratava a sociedade do seu tempo  com a peculiar utilização de marionetas como “actores-cantores”,  temos como resultado um modelo de ópera que, ainda que híbrido, acaba por ser o mais genuinamente português que encontramos na nossa História.

O Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM) da Universidade Nova de Lisboa propõe celebrar, nos dias 6 e 7 de Fevereiro, num colóquio internacional (a ter lugar no Museu Nacional do Teatro), a “figura de António José da Silva, seu entorno, suas influências, suas óperas”. O objectivo será “contribuir para o estabelecimento de uma percepção global da importância do legado deixado por António José da Silva para a ópera e o teatro em língua portuguesa”.

Poderão consultar o programa nesta ligação:  www.coloquioantoniojosedasilva2015.com .

Sobre o autor

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Doutorada em Música e Musicologia (ramo de Interpretação) pela Universidade de Évora, é actualmente investigadora do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Iniciou os seus estudos musicais no Instituto Gregoriano de Lisboa. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas: Estudos Ingleses e Alemães (FLUL) e em Canto (ESML). Posteriormente obteve o grau de LGSM (Licenciate by the Guildhall School of Music and Drama) através do Trinity College. Como cantora de ópera, foi “Fanny” em 'O Tanoeiro' de Thomas Cooper (Teatro da Trindade), “2.ª Dama” na 'Flauta Mágica' de Mozart e “Sebastiana”, numa versão portuguesa da sua autoria da ópera 'Bastien und Bastienne' de Mozart. Para além de se apresentar regularmente em recitais, é membro do Coro Gulbenkian.

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