Os prémios Gramophone 2015 foram revelados e, entre os galardoados, encontram-se a pianista Maria João Pires e o Coro Gulbenkian, nas categorias Concerto e Ópera, respectivamente.
Estes prémios, dos mais importantes da indústria discográfica, são atribuídos anualmente pela revista britânica de música clássica Gramophone. A selecção dos nomeados foi feita pelo painel de críticos da revista a partir das quase 700 críticas a discos e DVDs publicadas nas páginas da revista entre Junho de 2014 e Julho de 2015, reduzidas, por meio de pré-selecção, a 72 títulos distribuídos por 12 categorias.
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O disco de Maria João Pires interpretando os concertos para piano n.º 3 e n.º 4 de Beethoven, com a Orquestra Sinfónia da Rádio Sueca dirigida por Daniel Harding, concorreu com gravações dos concertos para piano n.º2 e n.º 4 de Beethoven pela Orquestra de Câmara Mahler e Leif Ove Andsnes (piano) e com gravações de concertos para violino de Bruch e de Prokofiev (Guro Hagen, violino, Orquestra Filarmónia de Oslo e Bjarte Engeset) e de Mozart (Arabella Steinbacher, violino, Festival Strings Lucerne e Daniel Dodds); a Suite on English Folk Tunes, op. 90, de Britten e os concertos para oboé de Macmillan e de Vaughan Williams (Nicholas Daniel, oboé e corne inglês, Britten Sinfonia e James Macmillan); e obras de Dvorák para violoncelo, piano e orquestra (Alisa Weilerstein, violoncelo, Anna Polonsky, piano, Orquestra Filarmónica Checa e Jiri Belohlávek).
O disco de Maria João Pires, com Daniel Harding e a Orquestra Sinfónica da Rádio Sueca, foi lançado pela editora ONYX em 2014 e é dedicado ao maestro Claudio Abbado, falecido a 20 Janeiro do mesmo ano. A crítica de Bryce Morrison para a revista Gramophone recebe com entusiasmo mais uma gravação daquelas obras de Beethoven, desejando que a parceria entre os intérpretes e a editora se traduza na gravação do ciclo completo dos concertos para piano do compositor. Morrison aponta a pureza e luminosidade da interpretação de Pires no concerto n.º 4 e a sua interpretação diáfana no Largo do concerto n.º 3, sempre em equilíbrio com o maestro e a orquestra.
Na categoria Ópera, o grande vencedor foi Elektra de Richard Strauss, com a Evelyn Herlitzius no papel de Elektra, Waltraud Meier (Klytemnestra), Adrianne Pieczonka (Chrysothemis), Tom Randle (Aegisthus) e Mikhail Petrenko (Orestes), a Orquestra de Paris dirigida por Esa-Pekka Salonen e o Coro Gulbenkian, gravado ao vivo no Festival de Aix-en-Provence. A crítica de Hugo Shirley incide em cada um dos solistas, apontando a prestação sólida de Herlitzius, a direcção atenta ao pormenor de Salonen e a execução clara da Orquestra de Paris como os pontos chave do DVD. Apesar da realização agitada e da produção de Patrice Chérau algo desapontante, segundo Shirley, esta gravação conseguiu mais votos, ficando à frente de finalistas de peso como as gravações de Der fliegende Holländer, de Wagner (Terje Stensvold, Anja Kampe, Orquestra Real do Concertgebouw e Andris Nelsons), Parsifal, de Wagner (Jonas Kaufmann, Peter Mattei, Coro e Orquestra da Metropolitan Opera e Daniele Gatti), Lulu, de Berg (Barbara Hannigan, Dietrich Henschel, Orquestra Sinfónica La Monnaie e Paul Daniel), Death in Venice, de Britten (John Graham-Hall, Coro e Orquestra da Ópera Nacional Inglesa e Edward Gardner) e Moses und Aron, de Schoenberg (Franz Grundheber, Andreas Conrad, Orquestra Sinfónica Baden-Baden e Freiburg e Sylvan Cambreling).
Outros galardoados dos prémios Gramophone foram o pianista Piotr Anderszewski, na categoria recital, com o disco das Suítes Inglesas n.ºs 1, 3 e 5; a Orquestra do Festival de Lucerna, dirigida por Claudio Abbado, na interpretação da Sinfonia n.º 9 de Bruckner foi a mais votada da categoria orquestra e o Concerto Italiano, dirigido por Rinaldo Alessandrini, recebeu o galardão na categoria ‘Barroco vocal’ pela gravação de Vespri Solenni per la festa di San Marco, de Monteverdi.
A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar em St. John’s Smith Square, Londres, a 17 de Setembro. Durante a cerimónia serão ainda anunciados os vencedores dos prémios ‘Gravação do ano’, para o qual o disco de Maria João Pires também está nomeado, ‘Artista do ano’, ‘Jovem artista do ano’, ‘Editora do ano’ e ‘Carreira’.
As críticas aos 72 discos finalistas podem ser lidas na publicação gratuita Gramophone awards shortlist.