No próximo dia 17 de Setembro, assinalar-se-á em Budapeste o primeiro Dia da Música Portuguesa: uma iniciativa da Artway, em parceria com o Instituto Camões de Budapeste, o Budapest Music Centre e com o patrocínio da Hungaro DigiTel.
A tarde de próximo domingo será dedicada à música portuguesa do século passado. Tiago Hora introduz a temática proferindo uma palestra intitulada Portuguese Composers of the 20th Century: key figures between contexts and perspectives, numa acção de divulgação onde contextualizará o percurso e a obra de alguns dos nossos compositores mais destacados dos últimos 150 anos. À palestra segue-se um recital, prestado pelo violoncelista Filipe Quaresma e pelo pianista António Rosado. Quer a solo quer em duo, este dois distintos intérpretes darão a ouvir algumas das mais significativas páginas para os seus instrumentos escritas por Luís de Freitas Branco, Fernando Lopes-Graça e Joly Braga Santos.
Uma primeira edição do Dia da Música Portuguesa na capital húngara é dotada de particular simbolismo, conta-nos Tiago Hora: «A verdade é que entre Portugal e Hungria existem, inquestionavelmente, afinidades que perpassam precisamente cerca de um século, ou um pouco mais. Essas ligações foram fundamentais para a própria evolução da música portuguesa. Para isso bastará mencionar o impacto de Franz Liszt em Viana da Mota, e a importância que a obra de Béla Bartók teve sobre a música e perfil de Fernando Lopes-Graça, dedicando o próprio compositor português uma das suas mais importantes obras ao génio húngaro: o conjunto das suites para piano denominado In Memoriam Béla Bartók. Essa ligação estende-se também a muitas outras iniciativas conjuntas ao longo dos últimos 50 anos, com destaque para a co-produção de diversas edições discográficas pioneiras de música portuguesa gravada na Hungria, que fizeram parte da etiqueta PortugalSom — chancela do Estado Português dedicada à música de compositores portugueses — e também a vinda de intérpretes húngaros a Portugal para gravar algum desse repertório (como o fez o Quarteto Tackács com o Quarteto de Cordas de L. Freitas Branco).»
O Budapest Music Centre, que acolhe esta iniciativa, é o epicentro da vida musical da capital húngara, quer no que à programação de concertos diz respeito, quer relativamente à criação contemporânea — servindo, por exemplo, como sede da Peter Eötvös Contemporary Music Foundation e das actividades por esta promovidas.
Esta acção de divulgação pr’álem-fronteiras é a primeira materialização de uma iniciativa que a Artway conta desenvolver noutros locais e formatos, sempre em prol da difusão da cultural musical portuguesa e das referências contemporâneas nas áreas da interpretação, da musicologia e da composição. Assim, perspectiva-se que esta iniciativa possa tomar lugar em outras cidades — europeias e não só —, num crescendo que permita consolidar a difusão internacional dos produtos culturais da música erudita portuguesa em diálogo com outras tradições e mercados.