No passado dia 20 de Fevereiro, a Orquestra Clássica da Madeira celebrou o seu 52.º aniversário com uma Gala de Ópera protagonizada pela soprano Elisabete Matos, sob a batuta do maestro Rui Pinheiro, no Teatro Municipal do Funchal, totalmente lotado.
Foi uma gala memorável em que a solista portuguesa, de renome internacional, com vinte e oito anos de carreira, fez uma brilhante interpretação de todas as árias do programa, de compositores como Verdi, Boito, Ponchielli e Puccini, entusiasmando de forma fascinante o público e os próprios músicos e maestro que exteriorizavam um redobrado prazer por acompanhar e dirigir esta insigne solista. De destacar a impressionante interpretação da famosa ária “Suicidio” de “La Gioconda” de Ponchielli. No final da gala, todo o público aplaudiu, de pé, quer a solista, quer a orquestra e o maestro pelas excelentes interpretações.
Elisabete Matos continua no auge da sua belíssima voz, com um timbre e uma cor especiais para cada papel desempenhado, transformando cada momento em algo único e especial. Sente-se, aliás, a sua vocação para a interpretação operática; é notável a forma como tem conseguido dar profundidade emocional a algumas das maiores personagens dos grandes compositores. É altamente motivante poder apreciar e acompanhar o percurso de artistas portugueses que, cá dentro e em todo o mundo prosseguem brilhantes e únicas carreiras de sucesso. Esperemos que os promotores e produtores portugueses continuem a promover Elisabete Matos e muitos outros solistas portugueses que fazem carreiras no estrangeiro mas que não deixam de constituir um riquíssimo “património” do nosso país. A este propósito, é de enaltecer a direcção da Orquestra Clássica da Madeira pelos convites que vem formulando a vários solistas e maestros portugueses, proporcionando palco e projecção a tão importantes valores nacionais.
Sobre a interpretação da Orquestra Clássica da Madeira, que neste concerto de gala se apresentou com quarenta e nove músicos, e do maestro convidado Rui Pinheiro, apenas referir que foram brilhantes nas suas interpretações, quer a acompanhar a solista quer nas obras instrumentais (todas retiradas de obras operáticas), intercaladas com as árias de ópera. Sentimos um empenho e uma entrega total, o que aliás temos vindo a comprovar nos últimos tempos, nos vários concertos a que tivemos o privilégio de assistir.
O maestro Rui Pinheiro que, nos últimos três anos, tem sido um assíduo maestro-convidado, seria, em nosso entender, um possível e excelente candidato a maestro-titular.