Faleceu pela madrugada do dia 27 de Junho Elvira de Freitas.

A compositora foi velada ao longo do dia de ontem na Igreja dos Santos Reis Magos do Campo Grande, em Lisboa, onde se celebrou uma missa de corpo presente pelas 15 horas de Domingo, seguida de funeral no Cemitério do Lumiar.

Elvira de Freitas foi uma personalidade distinta no meio musical português da segunda metade do século xx. À semelhança de seu pai Frederico, Elvira construiu uma carreira rica e multifacetada. Efectuou os seus estudos superiores no Conservatório Nacional na classe de piano de Varella Cid tendo como mestres em composição António Costa Ferreira e Fernando Lopes-Graça, vindo também a aperfeiçoar-se em Paris sob a alçada de Nadia Boulanger (na École Normale, como bolseira do governo francês em 1958) e de Olivier Messiaen (na École Superieur de Musique, no ano seguinte, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian).

 

Elvira de Freitas em entrevista à GLOSAS n.º 7 (Janeiro de 2013).

 

Como compositora, deixa-nos uma produção vasta — desde peças para crianças até obras sinfónicas —, premiada — destaca-se o Concurso Nacional Carlos Seixas em 1971, em que lhe é atribuído o prémio ex-aequo com o seu pai — e ecléctica — no cruzamento da música erudita com o fado e a música popular —, cujo legado urge revitalizar. Como professora (no Liceu Camões, no Instituto Gregoriano de Lisboa e no Conservatório Nacional), deixa saudade aos alunos a quem imprimiu um pouco do seu espírito inquisitivo.

A revista GLOSAS expressa o seu sincero pesar pela perda infligida à família e ao meio musical português.

Sobre o autor

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Luís Salgueiro é licenciado em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa. Para além da sua actividade criativa, dedica também a sua energia à preparação de partituras e musicografia, primeiro como 'freelancer' e actualmente como coordenador das actividades editoriais do MPMP, Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa.