O grande pianista brasileiro Fernando Lopes faleceu no passado dia 8 de Março, aos 84 anos, na cidade de Campinas, vítima de cancro, de acordo com a informação transmitida pela família.

Nascido no Rio de Janeiro em 1935, Fernando Lopes revelou cedo excepcionais aptidões para a Música, tendo estudado piano com Arnaldo Estrella, Magda Tagliaferro e Bruno Seidlhofer. O início da carreira internacional que desenvolveu deu-se com a participação nos concursos internacionais de Piano do Rio de Janeiro, em 1957, onde obteve o Prémio Presidente da República, conferido por Kubitschek, e de Genebra, em 1961, onde obteve o Grande Prémio Schelling.

Fernando Lopes com Bruno Seidlhofer (arquivo de Bruno Lopes)

Fernando Lopes deixou uma extensa discografia, de que fazem parte os cinco concertos para piano e orquestra de Heitor Villa-Lobos (com a Orquestra Sinfónica de Campinas), a gravação completa das sonatas de Mozart, as Cartas Celestes de Almeida Prado, obras para piano de Carlos Gomes e o disco Música de Vanguarda de Compositores Brasileiros. O último disco que gravou, recebido com particular entusiasmo, foi dedicado à Sonata de Liszt e à Fantasia de Schumann. A extensa carreira de Fernando Lopes conta com concertos em todo o Brasil, nos Estados Unidos da América e em numerosos países europeus (Portugal, França, Itália, Espanha, Suíça, Áustria, Alemanha e Roménia), além de colaborações com maestros tão notáveis como Cláudio Santoro, J. Medaglia ou Henrique Morelembaum entre muitos outros.

O pianista leccionou durante várias décadas na Universidade Federal da Bahia, onde foi director da Escola de Música e Artes Cénicas, e na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde era Professor Titular aposentado. Em 2003, recebeu o prémio de melhor instrumentista do ano, conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

As cerimónias fúnebres de Fernando Lopes decorreram na tarde do próprio dia 8 de Março, na cidade de Campinas.


Sobre o autor

Imagem do avatar

Estudou cravo, órgão e música antiga em Lisboa, exercendo intensa actividade, quer a solo, quer com agrupamentos de música antiga e orquestras. Licenciou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde estudou Filologia Clássica e em cujo Centro de Estudos Clássicos é investigador. Prepara actualmente a primeira tradução portuguesa das Cartas de Plínio. Integra a Direcção da revista 'Glosas'.