Filipe Pires morreu este Domingo no Hospital de São João, no Porto, aos 80 anos. Nascido em Lisboa em 1934, viveu no Porto desde 1960 e tornou-se num dos mais importantes nomes da música portuguesa da segunda metade do século XX. Compôs música instrumental e electroacústica, deixando uma vasta obra que é, hoje, praticamente desconhecida e na sua maioria discograficamente inédita.

 

 

Estudou Piano e Composição no Conservatório Nacional, estudando com Artur Santos, Lúcio Mendes e Croner de Vasconcellos. Como bolseiro do Instituto de Alta Cultura, estudou na Alemanha e na Áustria, apresentando-se então como pianista e compositor em vários países europeus. De regresso a Portugal, foi nomeado professor de Composição do Conservatório de Música do Porto, ocupando, durante dez anos, o lugar deixado por Cláudio Carneyro.

Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, assistiu a cursos de Boulez e Stockhausen em Darmstadt e estagiou dois anos em Paris sob a orientação de Pierre Schaeffer. Novamente em Portugal, desempenhou funções docentes e directivas no Conservatório Nacional. De 1975 a 1979 volta a Paris como Especialista de Música no Secretariado Internacional da UNESCO, cargo ao abrigo do qual foi enviado em missões oficiais a vários países da Europa de Leste, da África e da América Latina.

Premiado em vários concursos internacionais de Composição, conquistou também o Prémio Nacional Calouste Gulbenkian, que em 1968 distinguiu a sua obra coral-sinfónica Portugaliae Genesis.

Foi ainda Presidente da Juventude Musical Portuguesa, membro da Comissão Nacional da UNESCO, Director da Academia de Música de Paços de Brandão, Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, membro do Conselho Artístico da Cooperativa Sinfonia e Vogal da Comissão Instaladora da Escola Superior de Música do Porto, onde foi também Professor de Composição. Em 1997 foi nomeado Director Artístico da Orquestra Nacional do Porto, cargo que desempenhou durante dois anos.

Para a pianista Madalena Soveral, em declarações à Lusa, “É um dos compositores portugueses mais importantes do século XX”. Também a Casa da Música lamentou a morte de Filipe Pires, recordando que o compositor apresentou, em 2011, uma obra encomendada pela instituição: Imagens sonoras.

A missa de corpo presente vai realizar-se esta segunda-feira, às 10h30, na Igreja da Areosa, no Porto, de onde o funeral partirá para o cemitério de Penafiel.

Sobre o autor

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Curso Complementar de Piano no Conservatório Nacional. Licenciatura em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou sob orientação de Sérgio Azevedo e de António Pinho Vargas. Durante um ano, em programa Erasmus, frequentou o Conservatório Nacional Superior de Paris (CNSMDP). Mestre e doutorando em Ciências Musicais pela Universidade NOVA. Membro fundador e Presidente da Direcção do MPMP. Director da revista GLOSAS (números 1-15 e 20-). Distinguido com o 2.º Prémio do Concurso Otto Mayer-Serra (2017) da Universidade da Califórnia, Riverside, e o Prémio Joaquim de Vasconcelos (2019) da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música.