O termo Gamelão designa a formação orquestral típica das ilhas de Java e Bali, na Indonésia. Com uma composição instrumental muito distinta daquela utilizada no Ocidente, o Gamelão inclui principalmente Gongos (suspensos verticalmente ou colocados na horizontal), vários instrumentos de percussão melódicos, como o Bonang, o xilofone Gambang kayu e uma série de outros metalofones, como o Gendér, Kenong/Kethuk ou o Saron. A melodia pode ser tocada tanto pela flauta de bambu, Suling, como pelo Rebab (um cordofone friccionado), ou ainda ser assegurada pela voz (neste último caso, quando o Gamelão é utilizado no acompanhamento de interpretações teatrais, ou Wayang). Outro instrumento importante na orquestra é o Kendang, um tambor que desempenha o papel de líder .

foto: Museu do Oriente

Na Indonésia podemos identificar vários tipos de formações de Gamelão. A afinação também é uma questão importante, uma vez que não há duas orquestras que sejam afinadas da mesma forma. Em vez de uma altura-padrão de afinação (como no Ocidente), cada instrumento é afinado para corresponder ao conjunto para o qual se destina. Utiliza-se normalmente as escalas Slendro (a oitava é dividida em cinco tons mais ou menos equidistantes) e Pelog (uma escala com sete notas com intervalos variados, cinco das quais tendo mais importância do que as restantes). Existem também, em Java, os chamados Gamelão duplo com dois conjuntos orquestrais, um em Slendro e outro em Pelog, partilhando um ou dois tons.

O Museu do Oriente trará novamente o Gamelão de Java a Lisboa, pela organização da 9.ª edição da Escola de Gamelão da Ilha de Java, entre 13 de Fevereiro e 13 de Maio, através de oficinas, para todas as idades, que permitem experimentar os diversos instrumentos que compõem esta orquestra de percussão e aprender a tocar músicas tradicionais indonésias.

foto: Museu do Oriente

Durante a semana, o público-alvo são os alunos (do jardim-de-infância ao ensino universitário) e, aos fins-de-semana, são as famílias, bem como crianças e jovens de todas as idades, os convidados de honra desta iniciativa organizada em colaboração com a Embaixada da Indonésia.

Será ainda realizado um curso específico para músicos e compositores, que, em quatro sessões, ensina as várias técnicas de manipulação dos diversos instrumentos que compõem o gamelão, como os metalofones, xilofones, gongos, tambores, entre outros.  Para jovens dos 10 aos 14 anos que queiram explorar estas sonoridades em maior detalhe, decorre igualmente um curso em quatro sessões.

As aulas são orientadas por Elizabeth Davis, licenciada pela Universidade de Nottingham e pela Royal Academy of Music e actual timpanista e chefe-de-naipe de Percussão da Orquestra Sinfónica Portuguesa.

Sobre o autor

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Luzia Rocha possui os graus de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa. É investigadora no Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM) da Universidade Nova de Lisboa. É membro do ‘Study Group on Musical Iconography’ e do ‘Study Group for Latin America and the Caribbean’ (ARLAC-IMS), ambos da International Musicological Society. É colaboradora na Rede Temática em Estudos de Azulejaria e Cerâmica João Miguel dos Santos Simões do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e no Grupo de Iconografia Musical da Universidad Complutense de Madrid/AEDOM. Trabalhou como docente na Academia de Amadores de Música, Escola Técnica de Imagem e Comunicação (ETIC), Instituto Piaget (ISEIT de Almada, também como Coordenadora da Licenciatura em Música) e na Academia Nacional Superior de Orquestra e colabora actualmente como docente na Licenciatura em Jazz e Música Moderna da Universidade Lusíada. Tem participado como oradora, por convite, em conferências nacionais e internacionais e publicado artigos em periódicos com arbitragem científica. É autora do livro "Ópera e Caricatura: O Teatro de S. Carlos na obra de Rafael Bordalo Pinheiro".