Considerada a orquestra de bandolins mais antiga da Europa, a Orquestra de Bandolins do Recreio Musical União da Mocidade apresentou no Sábado, 16 de Junho, no Centro de Congressos da Madeira – Casino, um concerto comemorativo da actividade do seu maestro e impulsionador, Eurico Martins, que nesse dia celebraria o seu aniversário, se não tivesse falecido prematuramente em Dezembro de 2014, com 60 anos de idade.
Actualmente com 104 anos de actividade ininterrupta, a Orquestra tem sede na freguesia de São Roque, cidade do Funchal, e nas duas últimas décadas internacionalizou-se, apresentando-se em Espanha, Áustria, França e duas vezes em Inglaterra, chegando a actuar, em 2002, no âmbito das comemorações oficiais do Jubileu da Rainha Isabel II. Várias vezes apresentou-se no Continente, nomeadamente no Teatro Nacional São Carlos e no Auditório do Centro Cultural de Belém, por ocasião do concerto comemorativo dos 30 anos de carreira do tenor Carlos Guilherme, em 2011, com quem desenvolveu, ao longo do tempo, uma colaboração frutífera. Depois de um primeiro CD, em 1996, a Orquestra chegou a gravar mais quatro CDs e dois DVDs. Em 2013, foi distinguida com a Medalha de Ouro pelo Governo da Região Autónoma da Madeira, por ocasião das comemorações do centenário da Associação.
Eurico Martins dirigiu esta Orquestra durante duas décadas, desde 1994. Graças aos seus esforços, a partir dessa altura a Orquestra intensificou a actividade pública, chegando a dar meia centena de concertos por ano, e também a actividade pedagógica, ensinando bandolim e instrumentos congéneres desde a infância. Martins foi Presidente da Direcção da Associação Recreio Musical União da Mocidade e Director Artístico da Orquestra de Bandolins desde 1994 até ao seu falecimento. Em 2013, por ocasião do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi agraciado pelo Presidente da República com o grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Depois da sua morte, a Orquestra passou a ser dirigida pelo filho, João André Sousa Martins, que também foi aluno do Conservatório – Escola das Artes da Madeira, tendo na altura ganho vários prémios em violino (Primeiro prémio do 3.º Concurso A. Capela), concluindo o curso profissional de instrumentista em 2012 e prosseguindo os estudos na Academia Nacional Superior de Orquestra.
Actuando neste concerto com 38 instrumentistas, a Orquestra apresentou-se na primeira parte dirigida por André Martins, interpretando um repertório ecléctico e adaptado para estes instrumentos, cuja vertente clássica foi composta por duas obras portuguesas, a Abertura de L’Amore Industrioso de João de Sousa Carvalho e o primeiro andamento do Concerto para cravo em Lá maior de Carlos Seixas. Cláudia Sousa e Diana Quintal foram duas cantoras que a orquestra acompanhou em várias obras mais ligeiras, desde Cohen a Morricone.
A segunda parte foi dirigida quase na íntegra pela maestrina Zélia Gomes, uma vez que dirige os dois coros que se apresentaram em conjunto com a Orquestra: o Coro Infantil da Direcção de Serviços de Educação Artística e Multimédia e o Coro de Câmara da Madeira. No meio de obras leves e coros populares de Vivaldi, Handel e Verdi, André Martins apresentou-se também como violinista.
O concerto foi uma ocasião oportuna para evocar a actividade e mérito de um músico que contribuiu significativamente para a vitalidade do agrupamento, fazendo dele um ex-libris cultural da cidade do Funchal e da Região, e cujo carisma, frontalidade e entusiasmo pela cultura serão sempre recordados por todos os que o conheciam e que testemunharam o seu trabalho.