No dia 26 de Março, às 18h, no Museu da Música Portuguesa (Estoril), e no dia seguinte, à mesma hora, no Convento dos Remédios (Évora), lança-se o 26.º CD da série melographia portugueza do MPMP Património Musical Vivo. Trata-se da interpretação pianística, por Duarte Martins e Philippe Marques, dos 1.º e 2.º cadernos para piano solo, e do 3.º caderno para piano a quatro mãos, intitulados Melodias rústicas portuguesas de Fernando Lopes-Graça (1906-1994). No contexto da colecção, é o segundo monográfico deste compositor depois do disco Divertissement, com obras de câmara para sopros interpretadas pelo Ensemble MPMP.
As Melodias rústicas são fruto da recolha que Lopes-Graça empreende em parceria com o etnólogo corso Michel Giacometti. Nesta obra, o compositor utiliza cantos tradicionais portugueses (do Minho ao Algarve, mais as ilhas) como inspiração melódica e harmónica.
A gravação inclui a totalidade da obra. Os dois primeiros cadernos foram compostos nos anos de 1956 e 1957, década vista como um período de composição profícuo e de amadurecimento do compositor, apesar das divergências com o Partido Comunista Português, ao qual estava associado, ao mesmo tempo em que a PIDE o impede de leccionar na Academia de Amadores de Música. O terceiro caderno é mais tardio.
O conjunto completo foi registado integralmente apenas uma vez, por Christina Margotto e Bruno Belthoise, em 2011. O próprio Lopes-Graça participa de uma gravação parcial em 1957, justificando-se assim o interesse em uma nova edição, sobretudo quando integrada no catálogo do MPMP, que se tem dedicado à descoberta e difusão do património português em diversos suportes.
Duarte Martins e Philippe Marques têm trabalhado em duo na promoção do património musical para piano solo, piano a quatro mãos e dois pianos, com especial ênfase na descoberta e revitalização do repertório de autores portugueses de todas as épocas.
Importa ainda referir que o CD é fruto da criação de um espectáculo em colaboração com a Dança em Diálogos, companhia de bailado fundada em 2018 e desde então dirigida por Solange Melo e Fernando Duarte, com o objectivo de criar um bailado que envolvesse música para piano ao vivo.
Duarte Martins é licenciado em piano pela Escola Superior de Música de Lisboa, na classe de Jorge Moyano, e concluiu o Conservatório Nacional com a classificação máxima, tendo aí estudado com Hélder Entrudo e Carla Seixas. Premiado em diversos concursos, apresenta-se em concerto em variadas formações, com destaque para a canção com piano e para o repertório musical português. Estreia regularmente obras de compositores contemporâneos. É membro fundador do MPMP Património Musical Vivo, dirigindo temporadas e coordenando inúmeros concertos e gravações. Foi director executivo da Glosas – Revista de Música entre 2017 e 2020. Termina, actualmente, o mestrado em Empreendedorismo e Estudos da Cultura do ISCTE.
Philippe Marques concluiu o Mestrado em Música e o Mestrado em Ensino da Música na Escola Superior de Música de Lisboa com a máxima classificação, sob a orientação de Miguel Henriques, tendo antes estudado com Catherine C. Paiva e Hélder Entrudo. Apresenta-se regularmente em concerto como solista e músico de câmara, em Portugal e no estrangeiro, dando particular ênfase à música de compositores portugueses. Gravou a integral das sonatas de João Domingos Bomtempo, bem como um CD dedicado a obras de câmara inéditas de Ruy Coelho. Lecciona no Conservatório Nacional e na Escola Profissional da Metropolitana.
O disco está à venda na loja Codax, e ficará brevemente disponível nas habituais plataformas de streaming.