Até 18 de Agosto decorre a exposição Manuscritos musicais do Mosteiro de Belém: Uma tradição desconhecida na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP). É fruto de um projeto de pesquisa de iniciativa do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM) na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade NOVA, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) em 2020. Trata-se de uma pesquisa que tem como objetivo estudar profundamente trinta e sete livros de coro provenientes do Mosteiro de Santa Maria de Belém, mais conhecido por Mosteiro dos Jerónimos, que se conservam na BNP, Lisboa, e na Free Library, Filadélfia.

Essas obras manuscritas permaneceram durante muito tempo praticamente desconhecidas entre a comunidade musicológica, embora sejam um testemunho precioso da vivência litúrgica e musical do Mosteiro. O projecto reúne uma equipa internacional de musicólogos, com diversas linhas de pesquisa (codicológica, litúrgica, notacional), com o objetivo de obter uma visão mais ampla dos manuscritos enquanto artefactos culturais significativos.

Antifonário Temporal, 1475-1500, f. 124r. L.C. 257

O projecto teve como resultado parcial a classificação das obras a partir de dois recortes cronológico-espaciais distintos: a existência de obras manuscritas para o Mosteiro, mandado erigir por D. Manuel I em substituição da antiga ermida de Santa Maria de Belém, e outras copiadas provavelmente para o Mosteiro da Penha Longa, perto de Sintra, fundado no século XIV, e mais antigos que os de Belém.

Esses dois grupos de manuscritos distingue-se pelo aspecto: os de Belém são mais luxuosos. Segundo a nota de divulgação da exposição, destaca-se “a decoração luxuosa, com numerosas iniciais realçadas a ouro e delicados motivos fitomórficos e zoomórficos recortando as margens dos fólios”, em que a “disposição do texto e das pautas sobre os pergaminhos foi pensada para facilitar a leitura dos livros colocados na estante do coro, não se poupando em materiais dispendiosos nem no tempo necessário para que copistas e iluminadores especializados pudessem transmutar objetos funcionais em autênticas obras de arte”. Note-se ainda “o facto de terem encadernações similares que receberam no centro uma estrela ou um sol ardente, seguramente uma alusão simbólica à estrela de Belém que guiou os pastores e os reis magos ao local de nascimento de Cristo”.

A exposição encontra-se na Sala de Exposições, Piso 3, e é de entrada livre.

Sobre o autor

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Diplomada pela Universidade de São Paulo, onde se licenciou em História, concluindo o mestrado e o doutoramento em Arqueologia e integrando o LARP, Laboratório de Arqueologia Romana Provincial, enquanto Supervisora de Programas e Pesquisas. Foi docente de História da Arte em diversas instituições universitárias e no MASP, Museu de Arte de São Paulo. Realizou o estágio doutoral no Collège de France, Paris, especializando-se depois em Gestão Cultural no SENAC, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, e concluindo o mestrado em Empreendedorismo e Estudos da Cultura — Património no ISCTE, Lisboa, tendo neste âmbito sido distinguida com um Prémio de Excelência Académica.