Em 1989, o arquitecto Tomás Taveira (Lisboa, 1938) decidiu desenhar guitarras portuguesas no céu lisboeta. Podemos encontrá-las na Avenida de Berna, no edifício onde, actualmente, está sediada a Segurança Social.
Taveira iniciou a sua prática sob influência do movimento moderno na arquitectura, mas a sua obra evoluiu para uma linguagem mais exuberante, tendo sido considerado um dos mais significativos representantes do pós-modernismo arquitectónico português. Na sua prática encontramos frequentemente obras onde se destacam elementos geométricos, cromatismos fortes e superfícies espelhadas.
Neste edifício, o arquitecto decidiu inspirar-se nos braços das guitarras portuguesas, representando-as a azul e rosa nas colunas exteriores do edifício. Para destacá-las, cobriu o restante espaço com pequenas janelas de vidro, que podem também fazer referência aos trastos do instrumento.
Esta obra conquistou uma menção honrosa em 1994 no Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura, que celebram a qualidade arquitectónica dos novos edifícios construídos na cidade de Lisboa. O edifício foi concebido para funcionar como sede do Banco Nacional Ultramarino, sendo posteriormente adquirido, em 2017, pelo Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, por 50 milhões de euros.
Tomás Taveira também é conhecido por ter criado em Lisboa o já icónico complexo comercial e residencial das Amoreiras (1985) e a zona residencial da Costa das Olaias, que ganhou o Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura em 1982.
Com esta obra frequentemente designada como «edifício guitarra portuguesa», conseguiu-se acrescentar um pouco de música a um espaço que, inicialmente, não teria nenhuma relação directa com a área. “O céu é o limite”, e com este edifício a iconografia musical portuguesa conseguiu alcançá-lo.
Pilar Lorente Corisco assina o “Música entre Artes #6” a convite de Luzia Rocha.