Escola Portuguesa de Arte Equestre retomou as suas galas
com um espectáculo temático dedicado ao Património Musical Português
No dia 31 de Julho, Sexta-feira, às 21h30, no Picadeiro Henrique Calado, na Calçada da Ajuda, Belém, a Escola Portuguesa de Arte Equestre realizou uma gala especial que, sob o mote do ditado popular “uma no cravo, outra na ferradura”, colocou em diálogo duas artes maiores: a musical, através da utilização do cravo, e a equestre, simbolizada pelas ferraduras.
O “diálogo” entre ambas foi alcançado através da reprodução de um repertório musical contemporâneo do esplendor da Picaria Real setecentista da corte portuguesa, mais precisamente de dois instrumentos considerados “tesouro nacional” de Portugal, ambos sob a guarda do Museu Nacional da Música: o violoncelo Stradivari “Chevillard – Rei de Portugal”, de 1725, que pertenceu ao Rei D. Luís; e o “Cravo Antunes”, construído em 1758 por Joaquim José Antunes, oriundo da ilustre família de mestres construtores de cravos, pianofortes e pianos dos séculos XVIII e XIX.
O primeiro instrumento, interpretado por Pavel Gomziakov, acompanhado pela Orquestra Gulbenkian, “musicou” o solo de rédeas longas através do primeiro andamento do Concerto para violoncelo em dó maior de Joseph Haydn. O segundo instrumento acompanhou o solo equestre através de um conjunto de excertos de sonatas de Carlos Seixas, interpretadas por José Carlos Araújo, que se encontra actualmente a gravar o ciclo da integral das sonatas para instrumentos de tecla daquele compositor para o MPMP, Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa.
A Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE), actualmente gerida pela Parques de Sintra, Monte da Lua, está sediada nos jardins do Palácio Nacional de Queluz e foi fundada em 1979 com a finalidade de promover o ensino, a prática e a divulgação da Arte Equestre tradicional portuguesa. As suas apresentações ao público, “Manhãs da Arte Equestre” e “Galas mensais”, recuperam a tradição da Real Picaria, academia equestre da corte portuguesa do século XVIII, que usava o Picadeiro Real de Belém, hoje antigo Museu Nacional dos Coches, e recriam a equitação artística, próxima a um bailado equestre, praticada entre o Renascimento e finais do século XVIII nas academias equestres das cortes europeias, montando exclusivamente cavalos lusitanos da Coudelaria de Alter.
Esta foi a primeira Gala realizada depois das medidas de confinamento exigidas pela pandemia de COVID-19 e contou com a parceria do Museu Nacional da Música e do MPMP, Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa.