No passado dia 21 de Dezembro foi lançado na Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), o álbum mais recente de Álvaro Cassuto (1938-), desta vez à frente da Royal Liverpool Philarmonic Orchestra, que interpreta a Sinfonia “À Pátria” e outras obras de José Vianna da Motta (1868-1948). O CD foi editado pela NAXOS e já se encontra à venda.
Sendo um dos maestros portugueses com maior projecção internacional, Álvaro Cassuto tem sido fundamental na divulgação de repertório português das várias épocas, principalmente de música do século XX. É um dos maiores divulgadores a nível internacional da obra de Luiz de Freitas Branco (1890-1955), Joly Braga Santos (1924-1988), Fernando Lopes-Graça (1906-1994) e Vianna da Motta, entre outros. Nascido no Porto em 1938, Álvaro Cassuto estudou direcção de orquestra com Pedro de Freitas Branco (1896-1963) e com Herbert von Karajan, sendo também licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa e formado em Direcção de Orquestra pelo Conservatório de Viena. Foi maestro da Orquestra Sinfónica da Radiodifusão Portuguesa e da Orquestra Sinfónica Portuguesa, bem como fundador da Nova Filarmónica Portuguesa e, mais recentemente, maestro da Raanana Symphony Orchestra, de Israel, e da Orquestra Sinfónica de Bari. Destacando-se também como compositor, Álvaro Cassuto tem uma obra que poderá inserir-se na vanguarda portuguesa da segunda metade do século XX, juntamente com compositores como Jorge Peixinho (1940-1995) e Emmanuel Nunes (1941-2012).
Desta vez o maestro apresenta-nos uma das obras mais emblemáticas do compositor e pianista virtuoso Vianna da Motta, obra que marcou a tentativa de desenvolvimento da música sinfónica por parte dos compositores portugueses de finais do século XIX e início do século XX, que consideravam o século XIX português demasiadamente marcado pela hegemonia da ópera italiana. A Sinfonia “À Pátria” constitui um símbolo da evolução nacional portuguesa, estando Vianna da Motta, segundo Manuela Toscano, principalmente “interessado em restaurar um passado perdido e preencher uma falta”1, utilizando um nacionalismo pejado de modelos beethovenianos, como o género sinfonia, lisztianos, pela proximidade da sinfonia ao género poema sinfónico, e wagnerianos, através de efeitos tímbricos particulares.
1 Manuela TOSCANO, “Sinfonia À Pátria de Viana da Mota: Latência de Modernidade”, Revista Portuguesa de Musicologia, n.º 2, 1992, p. 195.