Prossegue a temporada do MPMP e Junho oferece-nos logo no primeiro Sábado, dia 4, às 18h, na Casa Verdades de Faria, música de Lopes-Graça e de Nuno Côrte-Real sobre poemas de Eugénio de Andrade (1923-2005). Depois do recital dedicado à poesia pessoana, este segundo concerto do projecto “Escutar Lopes-Graça” de 2022 convida-nos a navegar pela obra de um dos maiores poetas de língua portuguesa do século XX. Lopes-Graça escreveu dois ciclos a partir da sua obra, um deles em homenagem a Claude Debussy, e é a partir dessa frutífera relação musical que se desenvolve apresentado pela soprano Sofia Marafona e pelo pianista Duarte Pereira Martins.

 

 

Depois de Lopes-Graça, e em parceria com o INATEL, o MPMP leva ao Teatro da Trindade um programa com música de Ruy Coelho. O recital “A revelação do pianista-compositor” oferece-nos uma panorâmica da sua literatura pianística, desde os seus tempos de estudo em Berlim na década de 1910, em que ensaia a lição modernista, até à sua faceta neoclássica, passando pela influência da politonalidade francesa dos anos 1930. As partituras serão interpretadas por Bernardo Santos (que se encontra de momento a desenvolver uma tese de doutoramento na Universidade de Aveiro sobre estes repertórios, e que em breve gravará, a este propósito, um disco para o MPMP), Duarte Pereira Martins e Philippe Marques (ora a solo, ora a quatro mãos) e Luísa Gonçalves (que improvisará a partir das Promenades enfantines). Do programa constam, entre outras obras, uma versão do bailado A princeza dos sapatos de ferro, preparada pelo compositor Luís Salgueiro, bem como a redescoberta de Três prelúdios peninsulares. Será no dia 7 de Junho, à 21h, e os bilhetes já podem ser adquiridos em bol.pt.

 

 

Prolonga-se o ciclo Contemporaneidades. Depois de, no mês passado, termos escutado música para quinteto de sopros, sobe agora ao palco o quarteto de arcos do Ensemble MPMP, num concerto transmitido pela rádio Antena 2. Daniel Bolito (violino I), Sara Llano (violino II), Leonor Fleming (violeta) e Nuno Cardoso (violoncelo) apresentar-se-ão no dia 23, às 19h, no Museu Nacional de Arte Antiga, para revisitar Música para um palácio, obra encomendada a Carlos Marecos especificamente para um concerto realizado no Palácio de Seteais, em Sintra, em 2019. A partitura evoca com nostalgia os diferentes espaços daquele monumento e da sua natureza circundante, através de uma sequência de ambientes sonoros (como se de “fotografias” se tratassem) a partir das memórias que o compositor guardava daquele local.

Num outro registo, não menos relacionável com certo brilho de salões palacianos, a obra de Eugénio Rodrigues evoca a bailarina exótica e cortesã Mata Hari, conhecida também por ter sido acusada de espionagem, explorando em particular o imaginário da dança erótica através de uma sofisticada linguagem pós-minimalista. Escrita em 1992 e distinguida com o 1.º Prémio do Washington International Competition, foi então interpretada pelo Arditti Quartet.

Entre uma e outra obra, o Ensemble MPMP apresentará em “estreia moderna”, também no contexto da preparação da edição revista da partitura e da sua posterior estreia discográfica, o primeiro quarteto de arcos de Ruy Coelho, composto em 1941 e, tanto quanto se sabe, nunca mais interpretado desde a sua estreia.

 

 

Ao fim chegará, com grande pena nossa, o ciclo de clubes de escuta na Biblioteca Municipal de Marvila. No dia 22, de manhã (público infantil) e à tarde (público adulto), Catarina Távora e Martim Sousa Tavares encerram a aventura com música ao vivo, tocada também pelo quarteto de arcos do Ensemble MPMP, agora escutando-se W. A. Mozart, Mendelssohn, Vianna da Motta, Joly Braga Santos e Ângela da Ponte. Falar sobre música ao longo destas sessões foi uma contínua e gratificante lição para todos os intervenientes; por isso, em jeito de retrospectiva, os oradores preparam-se para publicar um texto sobre esta iniciativa no próximo número impresso da revista Glosas.

 

 

Por fim, no dia 26, último Domingo do mês, regressamos, como é habitual, à Lusophonica. Nessa manhã, o rádio-café receberá Ana Sofia Malheiro, recém-licenciada em Ciências Musicais e estagiária da revista Glosas, para mais uma viagem por sons inesperados. No âmbito das celebrações do bicentenário da Independência do Brasil, percorrer-se-ão “vozes revolucionárias em terras tropicais” que marcaram não só a música popular brasileira como também um segundo momento de “independência” — o libertar da Ditadura Militar.

 

 

Para mais informações, visite www.mpmp.pt/agenda .

Sobre o autor

Imagem do avatar

Curso Complementar de Piano no Conservatório Nacional. Licenciatura em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou sob orientação de Sérgio Azevedo e de António Pinho Vargas. Durante um ano, em programa Erasmus, frequentou o Conservatório Nacional Superior de Paris (CNSMDP). Mestre e doutorando em Ciências Musicais pela Universidade NOVA. Membro fundador e Presidente da Direcção do MPMP. Director da revista GLOSAS (números 1-15 e 20-). Distinguido com o 2.º Prémio do Concurso Otto Mayer-Serra (2017) da Universidade da Califórnia, Riverside, e o Prémio Joaquim de Vasconcelos (2019) da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música.