A Orquestra de Sopros da Universidade de Évora apresentou-se no Teatro Garcia de Resende desta cidade alentejana no passado dia 1 de Dezembro. Para além deste agrupamento, apresentaram-se também o Decateto de Metais e o Ensemble de Saxofones da mesma universidade. Os três agrupamentos foram dirigidos por Hugo Assunção, professor no Departamento de Música da Escola de Artes da Universidade de Évora desde a sua criação, em 2011.
A Orquestra de Sopros abriu o concerto com Concert Prelude de Philip Sparke e Yorkshire Ballad de James Barnes, representando estas peças dois exemplos de escrita idiomática actual para banda sinfónica. Sendo obras que vivem muito das mudanças de textura, no primeiro caso esta oscilação foi muito bem explorada apesar de algum desnivelamento dinâmico em alguns momentos, o que terá ofuscado um pouco do brilho do tema central da obra. No segundo caso, ouviu-se uma obra construída em torno de um tema central com grande ênfase nas madeiras, com um naipe de clarinetes à altura apesar de, em alguns momentos, se notar alguma descoordenação com os restantes naipes.
O Decateto de Metais apresentou um programa, no seguimento da primeira parte, composto por parte da suíte Gospel Hall de Chris Hazell e por dois arranjos de temas de Natal, Festive Cheer e The Christmas Song, que trouxeram algum colorido à sala. Um dos momentos mais ligeiros foi a interpretação pelo Ensemble de Saxofones de Adios noniño do mestre argentino Astor Piazzola que, embora breve, revelou potencialidades futuras para este grupo.
As duas últimas obras do concerto – Finlandia op. 26 de Jean Sibelius e March op. 99 de Sergei Prokofiev – foram bons exemplos do potencial expressivo da Orquestra. Em Finlandia o grupo conseguiu criar bons contrastes dinâmicos entre a secção de madeiras, oscilando entre timbres escuros e passagens técnicas bastante virtuosísticas sobre as passagens de carácter furioso, bem expressas pela secção de metais. Não só na música de Chostakovich encontramos, por vezes, tão bem expressa a ironia, mas também em Prokofiev, que o soube traduzir na March que o grupo interpretou eficazmente, como se notou com especial evidência no final da obra.
Deverá, pois, saudar-se o trabalho destes grupos pela perseverança em continuar uma actividade musical de qualidade numa cidade em que, talvez pelo seu afastamento face aos grandes centros, necessita cada vez mais de uma cultura musical frequente e de excelência.