Fundada em 2011, a Orquestra de Violas da Terra, surgiu com o propósito de fazer renascer a sonoridade da música popular açoriana, valorizando e divulgando aquela que outrora fez as delícias dos festejos, bailes e serões do povo açoriano – a Viola da Terra ou de Arame. A sua Temporada 2017 iniciou com um concerto na Igreja de São Paulo da Freguesia da Ribeira Quente, inserido nas Comemorações do seu Centenário. Esta temporada contempla ainda a III edição da Audição do Dia da Criança (1 de Junho), o Violas do Atlântico VII (26 a 29 de Junho), que contará com a presença do músico madeirense Vítor Sardinha, trazendo aos Açores a Viola de Arame Madeirense, ambos no salão Nobre do Teatro Micaelense, seguindo-se os já habituais Serões de Viola da Terra, entre Julho e Setembro, no Tentorium das Portas do Mar. A temporada conclui, no primeiro trimestre de 2018, com o estágio e concerto da Orquestra de Violas da Terra.
Os seus projectos são assegurados pela Associação de Juventude Violas da Terra, sob a orientação do seu mentor, Rafael Carvalho, que desempenha funções docentes na classe de Viola da Terra no Conservatório Regional de Ponta Delgada. Refira-se que esta é a única escola de ensino especializado da música da região que, desde 2004, integra a viola açoriana no elenco de instrumentos para os cursos de iniciação, básico e livre, colaborando na formação especializada de tocadores e assegurando a sua continuidade e preservação patrimonial na cultura açoriana. No decorrer dos seis anos da sua existência, a Orquestra de Violas da Terra tem conquistado um número cada vez maior de tocadores, contando já com mais de trinta elementos, dos 12 aos 68 anos, entre alunos do Conservatório e tocadores de grupos folclóricos ou de outras associações recreativas. A preocupação na preservação do repertório musical da viola da terra tem sido outra das preocupações, quer da Orquestra de Violas da Terra, executando-o e recriando-o numa diversidade de colaborações sonoras com outros instrumentos, desde os de formação mais erudita aos de expressão popular, executados por artistas locais, regionais e nacionais, quer de Rafael Carvalho, autor de vários discos e três compêndios que reúnem repertório, respectivas práticas e técnicas para tanger este instrumento musical.
A Viola da Terra é assim chamada por possuir características morfológicas e sonoras próprias, resultantes da fusão com instrumentos semelhantes trazidos pelos portugueses aquando da expansão ultramarina. Das suas congéneres conhecidas por todo o continente português destacam-se as violas braguesa, amarantina, beiroa, toeira, campaniça e a viola de arame da ilha da Madeira. No arquipélago dos Açores, este instrumento assumiu um importante desempenho no acompanhamento das práticas musicais populares das nove ilhas, distinguindo-se em cada uma com variantes morfológicas, de afinação e de execução. Uma interessante abordagem às origens e práticas do passado e do presente sobre este instrumento pode ser consultada no documentário produzido pela RTP2 “O Povo que Ainda Canta”.