O palco do Teatro Camões receberá, durante o mês de Dezembro, uma série de concertos dedicados ao conto infantil em música. São quatro os contos postos em cena, em dois programas distintos que se estendem entre 9 e 20 de Dezembro. A iniciativa é do projecto educativo da Orquestra Sinfónica Portuguesa, coordenado pelo maestro João Paulo Santos.
O próprio João Paulo Santos assume a direcção de uma das propostas: A Menina do Mar, de Fernando Lopes-Graça, e A História do Pequeno Alfaiate, de Tibor Harsányi. Este programa reúne duas histórias fantásticas, postas em música para formações de orquestra de câmara.
Em 1958, Sophia de Mello Breyner Andresen publica A Menina do Mar, uma história sobre a amizade entre um rapazito que morava junto à praia e uma menina, de cabelos verdes e um palmo de altura, que habitava no mar. O conto — hoje tido em conta como uma pequena pérola, mesmo entre a restante produção da estimada poetisa — terá captado imediatamente a atenção de Lopes-Graça, que prontamente inicia o trabalho naquele que é o primeiro conto musical para crianças na história da música portuguesa. Responde ao desafio em género, no ano seguinte, com a estreia desta obra de grande beleza. A História do Pequeno Alfaiate, por sua vez, é baseada no conto de fadas germânico recolhido pelos irmãos Grimm. A partitura — composta, coincidentemente, no ano em que Lopes-Graça consegue finalmente partir para Paris em estudo: 1937 — acompanha as peripécias de um alfaiate muito exagerado que, de astúcia em astúcia, consegue a mão da princesa.
O segundo programa junta o célebre conto de Sergei Prokofiev, Pedro e o Lobo, a Babar, a História do Pequeno Elefante, de Francis Poulenc. Pedro e o Lobo, obra de 1936 com texto do próprio compositor, terá sido a precursora do género, e é ainda hoje um dos mais importantes recursos didáticos na apresentação da orquestra e dos seus instrumentos às crianças. Já Babar começou por ser uma personagem de Cécile de Brunhoff, inventada para protagonizar histórias de embalar para os seus filhos. Em 1931, o pintor e ilustrador Jean de Brunhoff dá forma à personagem, reúne uma das histórias da esposa, e publica o primeiro livro da série, que inspirará Poulenc em 1940, já após a morte de Jean. Originalmente, o narrador era acompanhado apenas pelo piano (instrumento de Cécile, discípula de Alfred Cortot na École Normale de Musique de Paris, onde leccionou durante largos anos); neste espectáculo, a OSP apresentar-se-á numa formação de pequena orquestra, dirigida por Jan Wierzba.
A encenação de ambos os espectáculos estará a cabo de Mário Redondo e a cenografia de Miguel Costa Cabral. Os bilhetes estão à venda nos locais habituais.