Morreu Pedro Gonçalves este sábado, aos 51 anos. O músico lutava contra um cancro há já vários anos e o agravamento do estado de saúde levou mesmo a banda a cancelar, no início de Novembro, quinze concertos que tinha agendados até ao final deste ano.
Nascido em 1970, Pedro Gonçalves era contrabaixista e mestre da guitarra eléctrica, com formação em jazz, no Hot Clube, em Lisboa. Pedro Gonçalves teve experiências múltiplas no mundo da música: foi produtor, tendo trabalhado, por exemplo, com Aldina Duarte e Mazgani; fez parte do grupo Ladrões do Tempo, liderado pelo guitarrista Zé Pedro; actuou ainda com Ana Deus e Alexandre Soares; gravou para Rita Redshoes e Soaked Lamb; trabalhou também com Sérgio Godinho, entre outros músicos.
Gonçalves era um dos fundadores dos Dead Combo, grupo que criou em 2003 com o guitarrista Tó Trips, oriundo do universo do rock. Os dois começaram a ensaiar juntos, depois de se terem cruzado no final de um concerto do músico Howe Gelb, em Lisboa, em 2001.
Em 2003 gravaram uma música, “Paredes Ambience”, para uma compilação dedicada a Carlos Paredes, e perceberam que a amizade poderia gerar frutos musicais. Assumiram duas personagens, um cangalheiro e um gangster, para criar uma identidade própria. Associando géneros como o fado, o rock, o universo das bandas sonoras, sobretudo westerns, e outras sonoridades associadas à world music, os Dead Combo foram crescendo em importância. Começaram com apresentações pequenas e intimistas e chegaram a participar de grandes festivais como o Vodafone Paredes de Coura, em 2018. No total, lançaram seis álbuns. O último foi em 2018, com o título Odeon Hotel.
Internacionalmente, a sua carreira foi projectada com a participação num episódio do programa de Anthony Bourdain, “No Reservations”, filmado em Lisboa em 2012; no mesmo ano entram no top 10 do iTunes americano. Em 2015, ganharam o Globo de Melhor Grupo nos Globos de Ouro, com o álbum Bunch of Meninos.
O fim dos Dead Combo foi anunciado em Outubro de 2019, com a promessa de uma digressão de despedida nos meses seguintes. Foi nessa mesma altura que os Dead Combo procuraram editar dois songbooks, Partituras para uma Lisboa desaparecida, projecto entretanto acolhido pelo MPMP.
A Glosas manifesta assim o seu mais sentido pesar. Até sempre, até breve, Pedro Gonçalves!