O Júri do Prémio Musa 2021, formado pelos compositores Annette Vande Gorne, Flo Menezes, Jaime Reis, João Pedro Oliveira e Keita Matsumiya, acaba de anunciar os resultados do certame. Segundo o comunicado enviado ao MPMP, “após atenta análise das peças e suas conexões com o texto literário de escolha dos compositores, o júri decidiu não atribuir um primeiro prémio. Decidiu também, por unanimidade, atribuir uma menção honrosa à peça Sim.”
O Prémio Musa criado com o intuito de distinguir a excelência musical da composição contemporânea de tradição erudita ocidental e de, nesse contexto, promover a língua portuguesa como veículo expressivo. Esta terceira edição, A edição do Prémio Musa 2021 procurava distinguir a melhor obra escrita para acusmática sobre textos de Clarice Lispector.
A obra distinguida com a menção honrosa, Sim, foi composta por Tiago Quintas, pianista e compositor, nascido em 1998 em Nelas, Viseu. Quintas estudou no Conservatório de Música de Seia com Roberto Lourenço (Piano), Jaime Reis e Túlio Augusto Santos (Teoria). Licenciou-se em Piano na Universidade de Évora, trabalhando sob a orientação de Ana Telles Béreau. Durante os seus estudos de piano contactou, em masterclasses diversas, com Sara Davis Buechner, Anna Kijanowska, Mia Elezovic e Marius Bartoccini. No âmbito da Composição participou em workshops e masterclasses orientadas por Jaime Reis, Túlio Augusto Santos, Hans Tutschku, Annette Vande Gorne, Christopher Bochmann e Ake Parmerud. Actualmente é mestrando em Composição da Universidade de Aveiro, sendo orientando de Sara Carvalho e, simultaneamente, frequenta na mesma universidade a licenciatura em Matemática.
Segundo o compositor, a composição de Sim, pensada para seis canais, partiu d’A hora da estrela de Clarice Lispector, romance cujas primeira e última frases são, com efeito, “Tudo no mundo começou com um sim” e “Sim”. “Cada um dos andamentos tem o nome de cada um dos treze títulos alternativos que a autora do romance propõe e explora os contextos emocionais percepcionados por diferentes personagens, em pontos específicos da história […]. Em alguns momentos, é utilizado um trecho da secção final do livro”. Ainda segundo Tiago Quintas, ao longo do enredo “a escritora sugere várias sensações auditivas, associadas a eventos específicos, referenciando quer instrumentos quer paisagens sonoras. Assim, invoco também na obra certos elementos programáticos ou associações directas, providas do seu contexto emocional. As identidades sonoras mais utilizadas ao longo da obra são a chuva, a máquina de escrever, a caixa de música, estilhaços de loiça e sons de carros e buzinas. Cada um destes elementos tem a particularidade de se moldarem conforme a personagem que os contextualiza”.
De acordo com o regulamento, a peça distinguida com a menção honrosa será apresentada na série de concertos do espaço Lisboa Incomum (Portugal) e na série de concertos do Studio PANaroma (São Paulo, Brasil), em data a designar, e será também publicada em disco digital.
Recordamos que o regulamento do Prémio Musa 2022, dedicado a José Saramago, está já disponível, e pode ser consultado aqui. A nova edição terá como jurados os compositores Luís Tinoco, Sara Carvalho e Juan Pablo Carreño. As obras a concurso podem prever direcção de maestro e devem ser escritas para uma ou duas vozes faladas (uma masculina e outra feminina, com ou sem formação musical, ao critério do concorrente), e um quinteto de instrumentistas à escolha entre os que estão listados no regulamento.