Começa hoje a quarta edição dos Reencontros de Música Contemporânea (RMC) no Teatro Aveirense, com uma programação de quarenta obras, sendo que trinta e quatro são de compositores vivos; vinte e duas em estreia absoluta, dezanove das quais encomendadas pela Arte no Tempo com financiamento da Direcção-geral das Artes, uma resultante de encomenda da Câmara Municipal de Aveiro por proposta da Arte no Tempo.

Em destaque estão os compositores António Chagas Rosa (1960) e Helmut Lachenmann (1935). Em 2023 assinala-se ainda o centenário do nascimento de György Ligeti (1923-2006). Realçamos na programação a ênfase dada a músicas e músicos portugueses.

De António Chagas Rosa pode-se esperar a estreia absoluta de From the Journal of Delacroix (2021), uma encomenda da Arte No Tempo ao compositor, financiada pela Direção-Geral das Artes (18 de maio). Já no dia 25 escutam-se algumas canções do ciclo Cicuta (2005), que compôs a partir de poesia de Maria Teresa Horta. E há a estreia absoluta do Concerto para violino e orquestra, sob a direcção de Pedro Neves (26 de maio), com a Orquestra Metropolitana, uma encomenda da Arte No Tempo, financiada pela Direção-geral das Artes.

19 de Maio tem a proposta de fomentar a apresentação de compositores jovens e jovens músicos em formação, com o concerto Música em Criação e Nova Música para Novos Músicos. O dia 19 de Maio também é dedicado ao oboé contemporâneo, com o instrumentista Tiago Coimbra, que irá apresentar a Sequenza VII (1969) de Luciano Berio (1925-2003), além de três obras para oboé e electrónica escritas para si: Knurren (2023), do português João Moreira (2004); Vytra (2023), da italiana Daria Baiocchi (1978); e One from All-in-One (2023), do português Carlos Caires (1968), encomendada pela Arte No Tempo com financiamento da Direção-geral das Artes.

No dia 20 de maio há uma apresentação do duo Pinto / Fesch, com um programa variado em que cabem obras para duas guitarras e para guitarra eléctrica solo.

No dia 21 de Maio ocorre o concerto resultante do estágio “Nova Música para Novos Músicos”, dirigido a jovens intérpretes ainda em formação, em que é preparada a estreia de peças de compositores portugueses para conjunto instrumental e electrónica. Neste ano, o estágio é dirigido por Rita Castro Blanco, com assistência informática musical de Nádia Carvalho; escutam-se obras para instrumento solo e electrónica de Hugo Vasco Reis(1981), Eva Aguilar (2002), Cândido Lima (1939), Nuno Trocado e Carlos Lopes (1995) e obras para conjunto instrumental e electrónica de Luís Salgueiro (1993) e Solange Azevedo (1995).

No dia 25, o duo Tágide também fará a estreia absoluta de um breve monodrama que Rúben Borges (1994) compôs em 2021.

A obra encomendada pela Câmara de Aveiro, que vai fechar o festival, é um projeto sob direção musical de Nuno Coelho, com a soprano Andreia Conangla e o Tiago Coimbra no oboé, Luís Salomé no saxofone, e a Orquestra Filarmonia das Beiras.

 

Sobre o autor

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Diplomada pela Universidade de São Paulo, onde se licenciou em História, concluindo o mestrado e o doutoramento em Arqueologia e integrando o LARP, Laboratório de Arqueologia Romana Provincial, enquanto Supervisora de Programas e Pesquisas. Foi docente de História da Arte em diversas instituições universitárias e no MASP, Museu de Arte de São Paulo. Realizou o estágio doutoral no Collège de France, Paris, especializando-se depois em Gestão Cultural no SENAC, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, e concluindo o mestrado em Empreendedorismo e Estudos da Cultura — Património no ISCTE, Lisboa, tendo neste âmbito sido distinguida com um Prémio de Excelência Académica.