Numa época em que as figuras históricas femininas vão sendo revisitadas, é natural que chegue a vez de Gala Éluard Dalí, companheira e musa de Dalí, o célebre pintor, durante boa parte de sua vida, e figura central no meio artístico da época. Neste caso é a Nuno Côrte-Real (música e direcção musical) e a Martha Asunción Alonso (libreto), que se deve essa proposta, no formato de “ópera de bolso”, com duração de oitenta minutos.
É Gala, interpretada em castelhano pela soprano espanhola Conchi Moyano, quem tem a missão de guiar os espectadores rumo às profundezas da consciência de Salvador Dalí em La vida secreta.
A ópera está programada no âmbito da sétima edição do festival bianual Mostra Espanha 2021, que ocorre entre Setembro e Dezembro, e terá lugar em três cidades portuguesas. Conta também com o apoio do governo português, através do Ministério da Cultura, diversas câmaras municipais e um grande número de instituições culturais e festivais.
POMBAL
23 de Outubro | 21h30
Cine-Teatro de Pombal (39º Festival Música em Leiria 2021)
Entrada 5€
ALCOBAÇA
24 de Outubro | 17h00
Cine-teatro de Alcobaça
Entrada Livre
SINTRA
26 de Outubro | 21h00
Centro Cultural Olga Cadaval
Bilhetes à venda na Ticketline
Esta ópera de bolso retrata o mundo surrealista do pintor espanhol Salvador Dalí através dos olhos da sua companheira e musa Gala. Tendo como única protagonista a figura de Gala, interpretada pela soprano espanhola Conchi Moyano, revela a mulher como inspiração múltipla e central no desenvolvimento do surrealismo único de Dalí e serve como ponto de partida para uma transposição do universo de Gala. Gala, a mulher que não conheceu o movimento #MeToo, mas… e se tivesse participado, estaria Dalí? Continuariam as girafas com o seu exótico passeio de patas longas?
Nuno Côrte-Real
Para que a música soe, deve fazer-se previamente silêncio. Tal como nenhum mar pode abrir-se sem a certeza, por mais remota que seja, de que um pedaço de terra firme aguarda, escondido na dobra de algum mapa. Também não há primavera sem inverno. Floresta sem raízes. Paraíso sem purgatório. Luz sem trevas. Ouro sem lama. Lucidez sem loucura. Riso leve sem que antes (nos) tenha pesado o sangue nas veias. Ying sem yang. Com efeito, é preciso saber do Sul para poder, talvez, chegar um dia ao entendimento quase completo do coração do Norte. E vice-versa. O mesmo acontece quando se trata de conhecer ou, pelo menos, de tentar conhecer a vida secreta de Salvador Dalí. Como falar do ídolo sem ouvir o homem? Como falar do génio sem convocar a fada? É por tudo isto que Gala e o universo se encontram nesta proposta. Bem, quem melhor do que a estrela polar do artista para nos guiar de ouvido na odisseia rumo a todos os seus centros? Submete-se a personagem, assim, a uma singular sessão de psicanálise, limítrofe com a oração. O público também terá de fechar os olhos para começar a ver. Saltando de tela em tela, de verso em verso e de lembrança em lembrança, como o veleiro que sulca a fé de ilha em Ilha, Gradiva colocará nas mãos do espectador, concomitantemente, uma faca afiada e uma flor ameaçada de extinção: as chaves-mestras das portas sem retorno rumo às profundezas da irrepetível consciência daliniana.
Martha Asunción Alonso
La vida secreta
Música e direção musical: Nuno Côrte-Real
Libreto: Martha Asunción Alonso
Encenação: Carlos Antunes
Soprano: Conchi Moyano
Voz off: Jesus Ramos
Ensemble Darcos
Violino: Emanuel Salvador
Viola: Reyes Gallardo
Violoncelo: Filipe Quaresma
Saxofone: Rodrigo Lima
Piano: Helder Marques
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