Ainda pouco debatida, mesmo em âmbito académico, a condição socio-profissional dos músicos ao longo da história ganha agora um Congresso Internacional a realizar-se entre 30 de Junho e 2 de Julho de 2022, na Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (CAN, Colégio Almada Negreiros) e no Museu da Música Portuguesa. Trata-se do evento “A música como profissão: estatuto, carreiras e associativismo (séculos XVIII-XX)” organizado pelo PROFMUS, projecto financiado pela FCT sob o tíutlo “Ser Músico em Portugal: a condição socio-profissional dos músicos em Lisboa (1750-1985)”.
O objectivo deste projecto — que repercute na temática do congresso — é investigar a comunidade de trabalhadores da música em suas redes profissionais e de sociabilidade, o que é bastante inovador já que a maior parte dos estudos se foca nos percursos individuais ou institucionais. A proposta também se destaca pelo recorte cronológico de longa duração: entre 1750-1985, mais precisamente entre o reinado de D. José I a integração de Portugal na CEE.
O orador principal deverá ter muito a acrescentar ao tema. Élodie Oriol (École Française de Rome, Itália) fez a sua de tese de doutoramento sobre Vivre de la musique à Rome au XVIIIe siècle: lieux, institutions et parcours individuels e o seu trabalho de pós-doutoramento, actualmente em curso, versa sobre Mesurer le talent au XVIIIe siècle : Rémunération et gratification des artistes de la scène dans la péninsule italienne.
Paralelamente, será inaugurada uma exposição no Museu da Música Portuguesa que estará patente ao público até Novembro. Organizada por Cristina Fernandes, Manuel Deniz Silva e Tiago Hora, tem como título “Ser músico em Portugal (1750-1985)” e será a primeira dedicada a traçar um perfil histórico sobre o associativismo em torno dos músicos profissionais, as colectividades que organizaram e as suas dinâmicas, desde a Irmandade de Santa Cecília até ao Sindicato dos Músicos.