Antes da era da reprodutibilidade técnica, que permitiu a reprodução fonográfica e de imagens em movimento e, mais tarde, de imagens sonoras em movimento, não havia senão testemunhos mudos das culturas musicais do passado. Nas tradições de música notada, só sobrevivia do gesto sonoro a sua tentativa de representativa simbólica. Nas outras tradições, as mais antigas e predominantes,  nem isso: apenas o silêncio enigmático das imagens; a representação de diferentes formas, situações e artefactos de uma comunição musical cuja substância sonora se perdeu para sempre. […] Mas, precisamente porque a música é o todo holístico em que ela ocorre e não apenas som – isto é, uma rede de relações de interação que não se confina ao momento performativo, antes incorpora instituições e processos sociais complexos de “musicar” (musicking) no sentido lato cunhado por Christopher Small (envolvendo os sistemas de produção, mediação, receção e múltiplos vetores contextuais) –, as imagens que nos chegam do ato de fazer música constituem, na sua mudez, um manancial de informação extraordinariamente eloquente. […] Os ensaios reunidos nesta publicação são bem demonstrativos dessas múltiplas linhas de pesquisa de iconografia musical que iluminam diferentes estratégias, quer da comunicação musical, quer da sua representação em imagem, quer dos projetos artísticos ou estéticos envolvidos nos objetos analisados.

               Mário Vieira de Carvalho, no prefácio à obra

 

Já se encontra disponível a publicação digital Iconografia Musical – Autores de Países Ibero-Americanos e Caraíbas, livro resultante de uma colaboração entre autores de língua portuguesa e espanhola no âmbito da iconografia musical, na sequência da aprovação de um grupo de estudos sobre América Latina e Caraíbas no seio da International Musicological Society (IMS).

Produzida pelo Núcleo de Iconografia Musical (NIM) do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM), esta é a primeira publicação de um objectivo maior: o lançamento de um livro digital por ano. Com edição de Luzia Rocha (Universidade Nova de Lisboa e Universidade Lusíada), este primeiro livro conta com colaboradores de várias instituições, como a Universidade de Oviedo, Universidade Complutense de Madrid, Conservatório de Girona (Espanha), Universidade Federal de Rio Grande do Sul (Brasil), Universidade Central de Venezuela (Venezuela), Universidade de las Artes de Camagüey (Cuba) e Universidade Nova de Lisboa (Portugal).

Juntando nove artigos de investigadores do NIM, como Luzia Rocha, Luís Correia de Sousa e Sónia Silva Duarte, e de convidados das instituições já referidas, esta publicação pretende principalmente divulgar a iconografia musical enquanto ampla área da musicologia, numa selecção de ensaios abrangente, preenchendo, em parte e segundo Luzia Rocha, a lacuna existente em relação a publicações sobre iconografia musical em Portugal. É também pretendida uma rápida difusão da publicação através da sua disponibilização gratuita.

Para descarregar o livro clique aqui.

Sobre o autor

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Isabel Pina é doutoranda e bolseira de doutoramento em Ciências Musicais Históricas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, interessando-se principalmente pelo estudo da história da música em Portugal nos séculos XIX e XX, música e ideologia, nacionalismo, análise e semiótica musical, e imprensa e crítica musical. Concluiu o mestrado em Ciências Musicais tendo apresentado a dissertação “Neoclassicismo, nacionalismo e latinidade em Luís de Freitas Branco, entre as décadas de 1910 e 1930”. É actualmente voluntária na Biblioteca Nacional de Portugal, tendo estagiado no Museu da Música. Enquanto colaboradora do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM), é membro do Grupo de Teoria Crítica e Comunicação, do SociMus (Grupo de Estudos Avançados em Sociologia da Música), e co-fundadora do Núcleo de Estudos em Música da Imprensa.

Uma resposta

  1. Carin Zwilling

    Sou professora de iconografia musical na Universidade de São Paulo, e gostaria de saber como obter essa obra tão importante.
    Grata,
    Profa Dra Carin Zwilling