No passado dia 18 de Novembro, apresentou-se no Teatro Municipal Baltazar Dias do Funchal a Orquestra Angrajazz, sendo este concerto fruto do protocolo de geminação dos municípios do Funchal e Angra do Heroísmo. No âmbito deste protocolo, o mais recente (16.º) do Funchal, o Madeira Jazz Collective visitou a Ilha Terceira no dia 9 de Setembro, tocando no Teatro Angrense, e, agora, o público madeirense teve a oportunidade de ouvir os músicos da orquestra Angrajazz, dirigida por Pedro Moreira, aos quais se juntaram o clarinetista Paulo Gaspar e o saxofonista Ricardo Toscano como artistas convidados.

Constituída em 2002, desde o início a orquestra tem a direcção musical de Claus Nymark e Pedro Moreira, sendo composta, em grande maioria, por músicos terceirenses. Já se apresentou cinco vezes em Lisboa, no Funchal Jazz, e nas ilhas de S. Jorge, S. Miguel e Graciosa. Assume o papel de “escola” principal de formação de músicos de Jazz na Região e contribuiu para a imagem do Angrajazz como o mais importante meio de divulgação do Jazz nos Açores.

Perante uma sala praticamente cheia, o conjunto apresentou uma obra singular entre as criadas pelo grande compositor, pianista e líder da sua banda durante mais de 50 anos, Duke Ellington: a Far East Suite, apresentada por esta orquestra pela primeira vez em Portugal no ano passado, no âmbito do 18.º festival Angrajazz, é uma obra algo inusitada, reunindo nove impressões, em nove andamentos, das viagens de Ellington e do seu colega e colaborador Billy Strayhorn pelo Oriente, mas reflectindo só a última propriamente a experiência do Extremo Oriente, Japão.

Servindo também como o guia e moderador entre os andamentos da Suite, Pedro Moreira dirigiu a orquestra de uma maneira subtil e discreta, deixando os músicos, obviamente integrados num organismo único, demonstrarem o seu melhor, tanto em conjunto, como em apoio a vários solos efectuados por elementos do ensemble e por artistas convidados.

Acumulando-se a energia e a sinergia com o público ao longo do concerto, potenciadas pelas excursões virtuosísticas dos solistas, o fim do concerto tornou-se um momento apoteótico, coroando a actuação da orquestra Angrajazz um extra que é um grande clássico de Ellington, Take the ‘A’ Train, e entusiasmando a sala com improvisos brilhantes e emocionantes.

Sobre o autor

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Robert Andres é diplomado em piano pela Academia de Música de Zagreb (Croácia), tendo também estudado em São Petersburgo e Viena. Enquanto bolseiro Fulbright, estudou nos Estados Unidos com Sequeira Costa na Universidade de Kansas, tendo recebido o doutoramento em artes musicais, assim como um mestrado em musicologia. Desde 1993 ensina no Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira, sendo atualmente professor de quadro e delegado do grupo de instrumentos de tecla. Para além da actividade concertista, orienta regularmente masterclasses de piano e já integrou mais de uma dezena de júris de concursos internacionais. Tem escrito para revistas musicais especializadas, enciclopédias reputadas e jornais. Em 2001 a editora americana Scarecrow Press publicou o seu livro sobre os inícios da abordagem científica da técnica pianística.