Centro Cultural de Belém
3 de Abril às 17h e 4 de Abril às 21h
É com a ópera de câmara Banksters que Vasco Graça Moura é homenageado no Centro Cultural de Belém, nos dias 3 de Abril às 17h, e 4 de Abril às 21h. A música e a concepção cénica são de Nuno Côrte-Real e o libreto, escrito pelo antigo director desta instituição, é baseado na peça Jacob e o Anjo de José Régio.
Ao Ensemble Darcos, fundado e dirigido por Côrte-Real, juntam-se também o Coro Ricercare, dirigido por Pedro Teixeira, assim como sete solistas: Luís Rodrigues, Mário João Alves, Dora Rodrigues, Maria Luísa de Freitas, Job Tomé, Pedro Louzeiro e Gustavo Lopes.
Banksters foi apresentada no Teatro Nacional de São Carlos em Março de 2011com encenação de João Botelho e teve um excelente acolhimento do público. Nuno Côrte-Real, importante compositor da música portuguesa da actualidade, traz-nos agora esta obra ao CCB como uma homenagem a esta figura incontornável da língua portuguesa.
Graça Moura conta-nos uma história semelhante à de Régio, transportando-a para o improvável mundo da alta finança. Com uma musicalidade que nos recorda Gil Vicente, é com delicadeza e humor que o autor faz referência a um episódio bíblico através da narração da história de um banqueiro que é visitado por um Anjo. A aparição deste Anjo, mascarado de jornalista, desencadeia uma série de eventos que levam à queda, ou melhor, à rendição do banqueiro Santiago Malpago.
Apesar desta referência bíblica ao episódio do Anjo de Jacob do Antigo Testamento, a história que Banksters nos conta não é de cariz religioso; expõe a discrepância de valores do mundo material com os do mundo espiritual, uma crítica feroz a alguns hábitos capitalistas de hoje.
No repertório de Côrte-Real, em que a música de câmara parece predominar, destacam-se duas óperas encomendadas pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Casa da Música em 2007, assim como algumas estreias internacionais no Kleine Zaal do Concertgebouw em Amsterdam com 7 Dances to the death of the harpist, Pequenas músicas de mar no Purcell Room em London, Concerto Vedras na St. Peter’s Episcopal Church em Nova Iorque e o Novíssimo Cancioneiro no Siglufirdi Festival em Reikiavik.
Para esta produção do CCB, o Ensemble Darcos integra dezasseis músicos, incluindo Nuno Sá na guitarra eléctrica – formação interessante e pouco ortodoxa – e o violoncelista e colaborador frequente Mats Lidstrom, solista e professor na Royal Academy of London.
De entre os solistas, Luís Rodrigues interpreta o banqueiro Santiago Malpago, constantemente intimidado pela personagem multifacetada de Angelino Rigoletto, a que Mário João Alves dá voz. Dora Rodrigues terá o interessante papel de Mimi Kitsch, a ardilosa mulher do banqueiro.
Pedro Teixeira dirige o Coro Ricercare desde 2001 e é maestro titular do Coro de la Comunidad de Madrid desde Novembro de 2012. Participou no Coro da Gulbenkian entre 2005 e 2012, onde é regularmente convidado como maestro preparador de alguns concertos e é o director artístico das “Jornadas Internacionais Escola de Música da Sé de Évora”, com 15 edições. Em 2000 fundou o Officium Ensemble, um coro dedicado à música renascentista e foi nomeado “The most promising conducter of Tonen 2002” num concurso na Holanda.
Relembre as entrevistas da glosas aquando da estreia absoluta desta ópera: